(Continuação)
Richard Dawkins – “A Desilusão de Deus”
De acordo com o grande
matemático francês Blaise Pascal, por maiores motivos que sejam as
probabilidades contra existência de Deus, há ainda uma assimetria maior no
castigo por escolher a opção errada.
O melhor é acreditar em
Deus, porque se estivermos certos, habilitamo-nos a ganhar a felicidade eterna,
e se estivermos errados não vai fazer diferença nenhuma.
Por outro lado, se não
acreditamos Nele e estivermos errados somos condenados à maldição eterna ao
passo que se tivermos certos não faz qualquer diferença.
Perante isto a decisão é
facílima: acreditar em Deus.
Perguntaram a Bertrand
Russell o que diria se morresse e Deus lhe perguntasse por que razão não tinha
acreditado:
- «Provas insuficientes, Deus, provas insuficientes» foi a (eu ia a dizer a imortal) resposta de Russell.
- «Provas insuficientes, Deus, provas insuficientes» foi a (eu ia a dizer a imortal) resposta de Russell.
Não teria Deus respeitado
mais Russell pelo seu corajoso cepticismo, (para não falar de corajoso
pacifismo que lhe valeu a prisão na 1ª Guerra Mundial) do que Pascal pela
cobardia de apostar no seguro?
E se, de qualquer maneira,
não temos maneira de saber para que lado se inclinaria Deus, o que é facto é de
que não precisamos de sabermos para refutarmos a aposta de Pascal.
Repare-se que é de uma
aposta que se trata, e Pascal não qui s
dizer senão que eram escassas as suas probabilidades.
O leitor “apostava” em que Deus daria mais valor
à crença fingida por desonestidade do que ao cepticismo sincero?
Provavelmente ele estava a
brincar quando fez a sua aposta, tal como eu estou a brincar quando estou a
rejeitá-la desta maneira.
Por que razão é quase certo
que Deus não existe
«Os sacerdotes das diferentes
seitas religiosas… temem o avanço da ciência como as bruxas temem a aurora e
franzem o sobrolho ao fatal arauto dos logros em que vivem»
Thomas Jefferson
O Fantástico Boeing 747
O argumento da
improbabilidade é o que maior importância tem. Revestindo-se tradicionalmente
com as roupagens do argumento do desígnio, é hoje, sem margem para dúvidas, o
mais popular apresentado a favor da existência de Deus.
É de facto um argumento
bastante forte. O nome que dou à demonstração estatística de que Deus quase de
certeza não existe é a jogada do fantástico Boeing 747 e do ferro-velho.
Esta teoria deve-se a Fred
Hoyle, astrónomo britânico que afirmou que a probabilidade da vida ter surgido
na Terra não é maior do que a possibilidade de um furacão ter varrido um
ferro-velho e, por sorte, ter montado um Boeing 747.
A sua teoria é de que a vida
surgiu no espaço espalhando-se então pelo universo.
As coisas complexas não
podem ter surgido por acaso e este é o argumento da improbabilidade.
A selecção natural de Darwin
mostra quanto isto é verdadeiro. A hipótese de Deus corresponde ao Boeing 747 que
apareceu feito, por acaso, depois de um vendaval ter varrido um ferro-velho.
(continua)
(continua)
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