quinta-feira, agosto 01, 2013

A PROVA DE PASCAL
(Continuação)

Richard Dawkins – “A Desilusão de Deus”


De acordo com o grande matemático francês Blaise Pascal, por maiores motivos que sejam as probabilidades contra existência de Deus, há ainda uma assimetria maior no castigo por escolher a opção errada.

O melhor é acreditar em Deus, porque se estivermos certos, habilitamo-nos a ganhar a felicidade eterna, e se estivermos errados não vai fazer diferença nenhuma.

Por outro lado, se não acreditamos Nele e estivermos errados somos condenados à maldição eterna ao passo que se tivermos certos não faz qualquer diferença.

Perante isto a decisão é facílima: acreditar em Deus.

Perguntaram a Bertrand Russell o que diria se morresse e Deus lhe perguntasse por que razão não tinha acreditado:

 - «Provas insuficientes, Deus, provas insuficientes» foi a (eu ia a dizer a imortal) resposta de Russell.

Não teria Deus respeitado mais Russell pelo seu corajoso cepticismo, (para não falar de corajoso pacifismo que lhe valeu a prisão na 1ª Guerra Mundial) do que Pascal pela cobardia de apostar no seguro?

E se, de qualquer maneira, não temos maneira de saber para que lado se inclinaria Deus, o que é facto é de que não precisamos de sabermos para refutarmos a aposta de Pascal.

Repare-se que é de uma aposta que se trata, e Pascal não quis dizer senão que eram escassas as suas probabilidades.

O leitor “apostava” em que Deus daria mais valor à crença fingida por desonestidade do que ao cepticismo sincero?

Provavelmente ele estava a brincar quando fez a sua aposta, tal como eu estou a brincar quando estou a rejeitá-la desta maneira.


Por que razão é quase certo que Deus não existe

«Os sacerdotes das diferentes seitas religiosas… temem o avanço da ciência como as bruxas temem a aurora e franzem o sobrolho ao fatal arauto dos logros em que vivem»
                                                           
Thomas Jefferson


O Fantástico Boeing 747

O argumento da improbabilidade é o que maior importância tem. Revestindo-se tradicionalmente com as roupagens do argumento do desígnio, é hoje, sem margem para dúvidas, o mais popular apresentado a favor da existência de Deus.

É de facto um argumento bastante forte. O nome que dou à demonstração estatística de que Deus quase de certeza não existe é a jogada do fantástico Boeing 747 e do ferro-velho.

Esta teoria deve-se a Fred Hoyle, astrónomo britânico que afirmou que a probabilidade da vida ter surgido na Terra não é maior do que a possibilidade de um furacão ter varrido um ferro-velho e, por sorte, ter montado um Boeing 747.

A sua teoria é de que a vida surgiu no espaço espalhando-se então pelo universo.

As coisas complexas não podem ter surgido por acaso e este é o argumento da improbabilidade.

A selecção natural de Darwin mostra quanto isto é verdadeiro. A hipótese de Deus corresponde ao Boeing 747 que apareceu feito, por acaso, depois de um vendaval ter varrido um ferro-velho.

(continua)

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