quinta-feira, agosto 29, 2013

JUBIABÁ

Episódio Nº 97


As mulheres riem e todas o querem mas ele está com a actriz que conheceu num teatro e que se dependura no braço dele de uma maneira que roça os seios no seu peito.

Agora vão cear num restaurante chique, de mulheres decotadas, onde bebem vinhos caros. Ele já beijou repetidas vezes a mulher que, sem dúvida, o ama, pois consente que ele lhe machuque os seios e suspenda por baixo da mesa o seu vestido de seda.

Mas agora ela está novamente no quadro, com o leque em cima do sexo, porque o girau está balançando muito e António Balduíno de moveu na sua cama de tábuas, no outro lado da sala.

Ricardo espera com raiva que tudo fique calmo de novo. Puxa a coberta esburacada até ao queixo. Volta com a mulher do restaurante para, logo depois, tomarem um carro e se deixarem ficar num quarto onde há cama e perfumes.

Ele a despe devagarinho gozando os seus encantos um a um. Pouco lhe importa agora que o girau ranja e que António Balduíno se mova. Não, não é a sua mão calosa que ele tem em cima do sexo.

É o sexo alvo da actriz loira, que não está com vestido nem com leque e que ama Ricardo, trabalhador das plantações de fumo. Acorde quem quiser que ele não está fazendo nada de mais, está amando uma mulher bonita, de seios duros e ventre redondo. A sua mão é uma mulher.

A actriz voltou ao quadro, o sexo tapado com o leque. Na estrada brilha a luz de um fifó que ilumina as plantações de fumo. Ricardo deita a cabeça sobre as tábuas do girau e dorme.


Num domingo Ricardo disse que ia pescar nas águas do rio. Tinha comprado uma bomba e com ela esperava matar muito peixe.

Convidou os outros. Somente o Gordo se resolveu a ir. Conversaram o caminho todo. Na margem do rio ele tirou a camisa. O Gordo se deitou na relva.

As plantações de tabaco se estendiam lá atrás. Passava um trem. Ricardo preparou a bomba e acendeu a mecha. Sorria. Estendeu as mãos para a frente, mas antes que jogasse a bomba ela estourou levando-lhe as mãos e os braços, encharcando o rio de sangue.

Ricardo olhou os cotos dos braços e era como se houvesse se suicidado.


SENTINELA

Arminda, a filha de sinhá Laura, que ao terminar os trabalhos corria pelos campos a sua meninice de doze anos, não corre mais e trabalha com o rosto angustiado. Até uma vez pediu licença a Zéquinha para ir a casa.

É que há uma semana, sinhá Laura está estendida em cima de uma cama, inchando com uma doença desconhecida. Antes Arminda era alegre e tomava banho no rio, nadando como um peixe, excitando os homens com o seu corpo de menina. Agora apenas trabalha porque senão trabalhar morre de fome.

Na terça-feira nem no trabalho apareceu. Totonha que veio da casa da doente, avisou:

 - A velha esticou as canelas…

Os homens pararam o trabalho por um minuto. Um disse:


 - Já estava na idade…

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