quinta-feira, agosto 15, 2013

Se Deus não existe, porquê ser bom?
(continuação)

Richard Dawkins “A Desilusão de Deus”


Outra boa possibilidade é que o ateísmo esteja correlacionado com um terceiro factor, como seja a formação universitária, a inteligência, ou a actividade reflexiva, que pode contrariar eventuais impulsos criminosos.

As provas decorrentes da investigação em nada corroboram a opinião comum de que a religiosidade tem uma correlação positiva com a moralidade.

As provas de índole correlacional nunca são conclusivas, mas os dados que se seguem, descritos por Sam Harris no livro “Letter to a Christian Nation, não deixam de ser surpreendentes:

 - «Apesar da filiação num partido político, nos Estados Unidos, não ser um indicador perfeito do factor religiosidade, não é segredo nenhum que os estados “vermelhos”, -  republicanos – são vermelhos, antes de mais devido à esmagadora influência política dos cristãos conservadores.

Se houvesse uma correlação forte entre o conservadorismo cristão e a saúde da sociedade, poderíamos esperar ver algum sinal disso mesmo na América dos estados «vermelhos».

Mas não. Das 25 cidades com os mais baixos índices de crimes violentos, 62% estão situados em estados «azuis» (democratas) e 38% pertencem a estados «vermelhos».

 - Das 25 cidades mais perigosas, 76% são de estados «vermelhos» e 24% pertencem a estados azuis. Na verdade, três das cinco cidades mais perigosas do E.U. situam-se no devoto estado do Texas.

 - Os 12 estados com índices de assalto mais elevados são «vermelhos» e 24 dos 29 com os índices de furto mais elevados são «vermelhos».

 - Finalmente, dos 22 estados com índices de homicídio mais elevados, 17 são vermelhos.»


Se a investigação sistemática alguma coisa nos diz, é no sentido de corroborar estes dados correlacionais.

No “Journal of Religion and Society (2005), Gregory S. Paul levou a cabo um estudo comparativo sistemático de 17 nações economicamente desenvolvidas, chegando à devastadora conclusão de que «nas democracias prósperas, índices mais elevados de crenças e adoração de um criador, correlacionam-se com índices mais elevados de homicídio, mortalidade juvenil e precoce, índices de contágio de doenças sexualmente transmissíveis, gravidez na adolescência e aborto».

No livro Breaking The Spell, Dan Dennett comenta com sarcasmo este tipo de estudos em geral:

«Escusado será dizer, estes resultados atingem tão profundamente as propaladas propensões da superior virtude moral por parte das pessoas religiosas que se assistiu a um acréscimo considerável de investigações desencadeadas por organizações religiosas que os tentam refutar… uma coisa da qual podemos ter a certeza é de que, se existe uma relação positiva significativa entre o comportamento moral e a filiação, a prática ou a crença religiosa, essa relação em breve será descoberta, dado serem tantas as organizações ansiosas por confirmar cientificamente as suas crenças tradicionais sobre estas questões. (Essas organizações deixam-se impressionar bastante pelo poder que a ciência tem para descobrir a verdade, quando esta corrobora aquilo em que já acreditam...)


Cada mês que passa sem uma dessas demonstrações acentua a suspeita de que tal não irá acontecer.
(continua)

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