sábado, setembro 28, 2013

JUBIABÁ

Episódio Nº 123

Foi na Itália e era na Primavera. Aquele ali no álbum, o de bigodões, era seu pai. Toda a sua família tivera circos. Na fotografia mais velha, a que está amarelada pelo tempo, aparece o seu avô fardado.

Não era general, não. Era dono de um circo… O Grande Circo Internacional… Mas naquele tempo erra um circo de verdade… Só leões tinha para mais de trinta. Vinte e dois elefantes… Tigres… Todos os bichos…

- Bebi uns tragos mas não estou mentindo não… - António Balduíno acredita.

Os bigodes de seu pai faziam sucesso. Ele era menino e assim mesmo se lembrava. Quando o velho subia no trapézio parecia que o circo vinha abaixo de tantas palmas. Um delírio.

Também os saltos que ele dava de trapézio para trapézio, o salto mortal dado no ar, três voltas sem se segurar a nada… Era de fazer os corações pararem. Sua mãe andava no arame. Vestia de azul e parecia uma fada…

Ia com a sombrinha japonesa, se equilibrando. Ele era de uma família de gente de circo. Herdou tudo quando o pai morreu. Só leões tinha não sei quantos. Cavalos ensinados. Pagava uma fortuna de salários a artistas. Os mais famosos da Europa…

 - E todos recebiam no sábado. Nunca nenhum se atrasou.

Um dia o Rei, o próprio Rei, viera ao seu circo. Que dia aquele… António Balduíno não estava acreditando, com certeza, porque o estava vendo ali, bêbedo e mal vestido.

Mas ele fora aplaudido pelo Rei… O Rei só, não. Toda a família real que estava num camarote de luxo. Foi em Roma e era na Primavera.

Quando ele apareceu, que coisa, meu Deus. Nunca se viu coisa igual.

 - Pensei que as palmas não acabavam mais…

Estava ali no álbum o seu retrato naquele tempo. Vestido de casaca, sim. Era como ele entrava na arena. Depois tirando a roupa aos poucos. A casaca, as calças, o peito duro. Ficava vestido com uma roupa de meia, assim como estava naquela outra fotografia. E era bonito. Nem parecia como hoje…

Hoje está um esqueleto. Mas naquele tempo as mulheres se apaixonavam. Houve uma que era condessa… Loira, cheia de jóias. Marcara uma entrevista com ele.

 - E você chamou aos peitos? – O negro interessava.

 - Um cavalheiro não conta essas coisas.

O Rei estava lá no seu camarote de luxo. Toda a família real. Ele deu o duplo salto mortal e – pode não acreditar – o Rei não se conteve e se levantou para aplaudir.

Que noite aquela! … Também Risoleta estava bonita como nunca estivera. E quando pulou com ele foi um sucesso… Ela vendia o retrato dos dois, aos espectadores, aquele retrato que estava bem no meio da página do centro do álbum e no qual se via uma mulher em atitude de quem agradece as palmas, a mão segura por um homem vestido de uma espécie de roupa de banho.

Olhando bem se via que o homem era Giusepe.

 -Um mulherão… -  falou António Balduíno.


 - Era minha mulher…

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