Ilha da Madeira |
O DILEMA
DOS
MADEIRENSES
As eleições autárquicas de ontem foram um desastre para o Alberto João, como o tratam carinhosamente os seus concidadãos. Ele tinha a plenitude das Câmaras da Ilha, onze no total, tendo perdido agora sete... uma hecatombe!
Uma verdadeira hecatombe... É o fim do ciclo político de um homem que tomou conta dos destinos daquela gente conduzindo-a a um enorme descalabro financeiro.
Uma verdadeira hecatombe... É o fim do ciclo político de um homem que tomou conta dos destinos daquela gente conduzindo-a a um enorme descalabro financeiro.
Agora, fechada a torneira dos euros, o que resta a João Jardim é ficar a olhar os buracos dos túneis que abriu sem dinheiro para os fechar e sonhar com o pesadelo das dívidas que tem para pagar... A megalomania, a ambição, o desejo de ficar na história deu no que deu...
Quando vi a ilha da Madeira pela última vez, há meia dúzia de anos, a sensação que me transmitia era a de ser demasiado bonita, pequena e inclinada para tanta gente lá viver.
Aquelas encostas estão completamente salpicadas de casas e a parte baixa e centro da cidade do Funchal, muito pequena para suportar tantas construções e Obras Públicas como se, atrás de si, não pairassem, belas mas ameaçadoras as vertentes da montanha.
O perigo e a beleza, mais uma vez, de mãos juntas.
Aquela ilha, como de resto todas as pequenas ilhas no Atlântico, deveriam ser locais apenas para conservar e visitar com todo o cuidado e respeito.
Daqui, o dilema dos madeirenses entre viver cada vez em maior número na sua terra e transformá-la num local de risco, ou restringir essa ocupação apenas aos locais que ofereçam maiores garantias de segurança naquelas encostas lindas mas ameaçadoras.
Poderíamos encontrar uma lei estabelecida pela natureza própria das ilhas:
- Habitarão numa ilha tantas pessoas quantas ela possa alimentar.
No entanto, uma política de desenvolvimento económico com base no turismo para vender as belezas naturais parece intuitiva, lógica, óbvia porque quando a beleza daquela ilha não se vender, então, nada se venderá em termos turísticos.
Os naturais arranjaram emprego nas unidades hoteleiras, muitos deles, casais que com dois ordenados, não tiveram grande dificuldade em obter empréstimos à habitação permitindo que centenas deles que, de outra forma estariam condenados à emigração se fixassem definitivamente na sua terra.
Com o dinheiro ganho na indústria turística e os apoios financeiros do Governo Central, da Comunidade Europeia e dos emigrantes, a ilha transfigurou-se, tantas as obras públicas. Não deixou de ser bela porque muita dessa beleza é indestrutível mas transfigurou-se… de “coisa da natureza” passou também a “outra coisa” pensada para turistas ricos, gordos e comodistas.
Alberto João Jardim fica possesso quando lhe puxam a conversa do ordenamento do território: grita, ameaça, quase que explode: “tudo foi feito na legalidade”… esquecendo-se de acrescentar que ele é a “legalidade”.
A Madeira é a única região do país onde não existe Reserva Estratégica Nacional (REN), que proíbe, por exemplo, a construção em leito de cheia. O Governo Regional (leia-se Alberto João) nunca transpôs as regras de gestão do território. Especialistas defendem que com a REN os danos poderiam ter sido minimizados na tragédia que assolou a ilha.
Não admira, pois, que fique possesso quando agora lhe falam nas questões do ordenamento do território…
Os madeirenses têm votado massivamente, anos e anos seguidos, nele e na sua política. Esmagadoramente estão de acordo com tudo quanto ele mandou fazer na Madeira e não o podem acusar sem se acusarem a eles próprios.
A vida é assim mesmo, há que optar:
- De um lado o progresso, a criação de riqueza, os empregos, as casas, as auto-estradas, os viadutos, aquedutos, teleféricos e um aeroporto moderno e seguríssimo.
_ Do outro, aquela ilha quase intocada que eu conheci em 1962 quando o olhar apenas se deslumbrava com as “coisas da natureza”.
- Então, mas não haveria um meio-termo?
- E o Dr. Alberto João é, por acaso, homem de meios-termos?
"Choveram" milhões na Madeira e Alberto João, fez obra, muita obra sem ouvir ninguém, ou ouvindo apenas para inglês ver.
O perigo e a beleza, mais uma vez, de mãos juntas.
Aquela ilha, como de resto todas as pequenas ilhas no Atlântico, deveriam ser locais apenas para conservar e visitar com todo o cuidado e respeito.
Daqui, o dilema dos madeirenses entre viver cada vez em maior número na sua terra e transformá-la num local de risco, ou restringir essa ocupação apenas aos locais que ofereçam maiores garantias de segurança naquelas encostas lindas mas ameaçadoras.
Poderíamos encontrar uma lei estabelecida pela natureza própria das ilhas:
- Habitarão numa ilha tantas pessoas quantas ela possa alimentar.
No entanto, uma política de desenvolvimento económico com base no turismo para vender as belezas naturais parece intuitiva, lógica, óbvia porque quando a beleza daquela ilha não se vender, então, nada se venderá em termos turísticos.
Os naturais arranjaram emprego nas unidades hoteleiras, muitos deles, casais que com dois ordenados, não tiveram grande dificuldade em obter empréstimos à habitação permitindo que centenas deles que, de outra forma estariam condenados à emigração se fixassem definitivamente na sua terra.
Com o dinheiro ganho na indústria turística e os apoios financeiros do Governo Central, da Comunidade Europeia e dos emigrantes, a ilha transfigurou-se, tantas as obras públicas. Não deixou de ser bela porque muita dessa beleza é indestrutível mas transfigurou-se… de “coisa da natureza” passou também a “outra coisa” pensada para turistas ricos, gordos e comodistas.
Alberto João Jardim fica possesso quando lhe puxam a conversa do ordenamento do território: grita, ameaça, quase que explode: “tudo foi feito na legalidade”… esquecendo-se de acrescentar que ele é a “legalidade”.
A Madeira é a única região do país onde não existe Reserva Estratégica Nacional (REN), que proíbe, por exemplo, a construção em leito de cheia. O Governo Regional (leia-se Alberto João) nunca transpôs as regras de gestão do território. Especialistas defendem que com a REN os danos poderiam ter sido minimizados na tragédia que assolou a ilha.
Não admira, pois, que fique possesso quando agora lhe falam nas questões do ordenamento do território…
Os madeirenses têm votado massivamente, anos e anos seguidos, nele e na sua política. Esmagadoramente estão de acordo com tudo quanto ele mandou fazer na Madeira e não o podem acusar sem se acusarem a eles próprios.
A vida é assim mesmo, há que optar:
- De um lado o progresso, a criação de riqueza, os empregos, as casas, as auto-estradas, os viadutos, aquedutos, teleféricos e um aeroporto moderno e seguríssimo.
_ Do outro, aquela ilha quase intocada que eu conheci em 1962 quando o olhar apenas se deslumbrava com as “coisas da natureza”.
- Então, mas não haveria um meio-termo?
- E o Dr. Alberto João é, por acaso, homem de meios-termos?
"Choveram" milhões na Madeira e Alberto João, fez obra, muita obra sem ouvir ninguém, ou ouvindo apenas para inglês ver.
Um dia, em Fevereiro de 2010, durante uma hora, caíram 52 litros de água por metro quadrado… morreram pessoas, casas e ruas vieram por ali abaixo, em muitos casos porque Alberto João não ouviu nem acatou o que pessoas mais avisadas lhe recomendaram.
"Choveu" mais dinheiro e voltou tudo ao mesmo sem respeitar as condicionantes do terreno da própria ilha. Um dia, esperemos que longínquo, voltará a chover muito em pouco tempo e voltarão a morrer mais pessoas, muitas delas em consequência das opções tomadas… é o preço.
Para já, ontem, João Jardim, perdendo a maioria das Câmaras, entre elas, a do Funchal, escancarou a porta de saída que já estava entreaberta das últimas legislativas em que a sua permanência no poder terá sido mais um castigo dos madeirenses para ele começar a pagar a dívida do que um prémio pela sua governação.
<< Home