terça-feira, outubro 01, 2013

E o Papa Bento XVI
chorou…


(Já faz parte da história... mas da história muito recente)



O quinto aniversário do pontificado de Bento XVI foi simbolicamente marcado pelas lágrimas do Sumo Pontífice em Malta, ao lado de algumas das vítimas da pedofilia na Igreja.

- Lágrimas de crocodilo, dirão uns…

- Lágrimas de vergonha, tristeza e comoção sincera pelos crimes de várias décadas que estiveram anos e anos “engarrafados” e que agora rebentaram… dirão outros…

Vamos partir do princípio que as lágrimas não foram o resultado de um acto encenado em que o Papa tenha posto à prova as suas qualidades cénicas… não estávamos dentro dele, nunca o poderemos saber.

Mas sabemos outras coisas… sabemos que Bento XVI há muitos anos que tinha conhecimento do que se passava na qualidade de responsável pela Congregação para a Doutrina da Fé, sucessora da Inquisição.

Casos de pedofilia no seio da Igreja que aconteceram nos Estados Unidos, México, Itália, Holanda, Áustria, Irlanda, Alemanha, (onde o próprio irmão do Papa, então Cardeal Georg Ratzinger, também surge suspeito de encobrimento de abusos sexuais) e sabemos lá nós onde mais, eram do conhecimento de Ratzinger e não foram por ele denunciados às autoridades.

Foram dezenas de milhar de vítimas e milhares de padres pedófilos, (4.000 apurados só nos Estados Unidos) e isto não são suspeições, não: são factos apurados, documentados, alguns mesmo confessados mas sistematicamente perdoados pelas autoridades da Igreja, nomeadamente, pela Congregação da Doutrina e da Fé, ou seja, por aquele que haveria de ser mais tarde o Papa Bento XVI. Perdoados e encobertos.

- Tem o Papa razões para chorar? Tem:

- Razões de natureza pessoal, porque tinha poderes para actuar na defesa das crianças e não o fez como o deveria ter feito para, segundo ele, defender a Santa Madre Igreja;

- Razões que respeitam a toda a Igreja, de que hoje é o maior responsável, pela vergonha que representam os actos criminosos de milhares de correligionários seus.

Claro que os padres pedófilos serão sempre uma minoria, a Igreja é muito mais do que eles e uma parte considerável desenvolverá uma acção social de mérito em muitas partes do mundo... pena que não o façam de uma forma desinteressada em vez de ser a troco de concepções religiosas.
Vender uma religião a troco de boas acções… será sempre um negócio. Para isso, para boas acções, temos um candidato à Presidência da República Portuguesa, Dr. Fernando Nobre, Presidente da Associação dos Médicos Sem Fronteiras, que as faz a troco de nada.

De qualquer forma não se pode generalizar a pedofilia a toda a Igreja, segundo estimativa da própria Igreja serão “apenas” 3%...

A questão principal foi a política de encobrimento que foi seguida durante décadas e de acordo com as instruções que vinham da cúpula da instituição.

Esta política corresponde a um caminho que foi decidido pelo próprio Bento XVI, ainda Cardeal Ratzinger, nas funções de Chefe da Congregação da Doutrina e da Fé e considerado como o rosto da facção ultra-conservadora da Igreja Católica e que um dia, eleito Papa, num dos mais rápidos conclaves de sempre, assumiu à janela e sorriu ao mundo, um sorriso que alguns interpretaram como de ambição cumprida, de poder, não de humildade.
Mas, terá sido um erro de interpretação pois uma vez ungido e sentado na cadeira de S. Pedro de imediato, e por força dos tais “mistérios da fé”, passou a ser a bondade divina e a sabedoria etérea…

…mas que ele tem razões para chorar, lá isso tem.


NOTA - Seria de esperar que tratando-se de uma religião os princípios prevalecessem sobre o marketing mas não... Tudo quanto possa sujar a imagem do produto esconde-se.

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