Quando
me casei pela primeira vez há uns bons 25 anos, minha primeira mulher me achava
um “tesão”.
Descasei
depois de 21 anos e me juntei com outra mulher e essa já me achava um “pesão”!
Daí
estive refletindo e há certas coisas que me incomodam...
Algumas
ocasiões são realmente muito desagradáveis na vida de um gordo.
Ir a
um motel, com toda certeza, é uma delas. Tudo em um motel parece que foi
projetado minuciosamente para sacanear com a cara dos obesos.
Reparem
só. Na grande maioria desses estabelecimentos é preciso subir uma escadaria
para chegar ao quarto. Isso não se faz. Ou o gordo trepa ou sobe escada. As
duas coisas no mesmo dia são impraticáveis. O gordo chega tão esgotado no
quarto que parece até que já deu duas no caminho.
A
parceira, então, propõe uma hidromassagem para relaxar. O que, na verdade, quer
dizer:
- Por
que você não vai tomar banho, seu gordo sebento?
Já na
banheira, o gordo percebe que nem a água quer ficar com ele. Metade cai fora,
preferindo manter uma relação mais íntima com o chão do banheiro. Dá um
friozinho na barriga. Até porque parte da barriga, como um iceberg, fica pra
fora da espuma.
Mas é
na saída do banho que a situação fica ainda mais ridícula...
Chega
o fatídico momento de colocar o roupão. É triste. Com algum esforço, o cinto
até fecha, mas o roupão nunca. Fica aquele decote tipo Luma de Oliveira, que dá
pra ver até o umbigo.
Só
que no lugar da Luma está o Jô, saca?! É constrangedor.
Quando
o gordo finalmente chega no quarto, a situação consegue ficar ainda pior.
Se um
elefante incomoda muita gente, dez elefantes de roupão refletidos nos espelhos
incomodam muito mais. Para quê tanto espelho?
Se o
próprio gordo já fica mal, imagina a parceira cercada pela manada?
Se eu
fosse ela, não dava mais de comer aos animais.
Mas
de todos os espelhos o mais cruel, sem dúvida, é o do teto. A vista é
estarrecedora. Dá até para entender por que a maioria das mulheres transa com
os olhos fechados. Acho que a única utilidade de tantos espelhos é prá
conseguir ver o pinto, que a barriga não deixa a gente ver há muitos anos. Já
faço até xixi no piloto automático.
Eu,
como sou um gordo experiente, uso uma tática infalível - ligo o ar condicionado
no máximo para forçar o uso do lençol.
Afinal,
o que os olhos não veem...
Jô
Soares
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