Episódio Nº 126
- … tem o prazer de desafiar qualquer homem
desta heróica cidade para uma luta na arena do circo nesta noite, ou durante a
estadia do circo.
Se houver um homem que
vença Baldo, o circo dará a este herói a quantia de cinco contos de réis. Cinco
contos de réis – repetia gritando. E Baldo aposta mais um conto em como não
perderá.
- Não há quem aproveite esta oportunidade?
- Adianto ao respeitável
público que dois homens já foram ao escritório do circo para desafiar o grande
campeão Baldo que aceitou os desafios.
- Quem qui ser
lutar é só aparecer no Grande Circo Internacional esta noite. As lutas
terminarão com a morte de um dos lutadores. Com a morte…
E como se não estivesse
cansado do discurso, continuou o seu passeio pela cidade, montado de costas, o
jumento empacando de quando em vez, ele fazendo que caía, se segurando no rabo
do animal, fazendo a cidade toda rir, fazendo o mesmo discurso onde havia gente
reunida.
Toda a cidade comentava a
luta de morte que haveria e já se sabia que um chofer, um empregado no comércio
e um camponês gigantesco estavam dispostos a aceitar o desafio de Baldo, o
gigante negro, e a disputar os cinco contos.
A cidade anoiteceu
nervosa.
Quando o camponês entrou
um rapaz que fazia piadas no galinheiro gritou:
- José, do casal de guaribas, que você
encomendou, o macho já chegou – e apontou o camponês.
Todo o mundo riu. O
camponês qui s se zangar mas acabou
rindo também. Um gigante, aquele camponês de alpercatas e de bordão. Ele se ria
porque pensava nos cinco contos que ia ganhar lutando com aquele tal de Baldo.
Na roça ele derrubava
árvores com poucas machadadas e carregava troncos enormes através de enormes
distâncias, E quando se sentou tinha um sorriso vitorioso, se bem fosse modesto
e desconfiado.
Entravam negros carregando
cadeiras que eram para as famílias que vinham para os camarotes. O Circo não
tinha cadeiras. Os espectadores traziam.
- É por isso que eu só
venho pró galinheiro… É mais barato e a gente não tem de trazer nada. Só o
corpo.
- Lá vem o empregado do juiz…
O negro entrou, colocou as
cadeiras no camarote, foi lá fora buscar mais e depois se aboletou na arqui bancada. Vaiavam um sujeito que foi para um
camarote:
- Aí! Chico Peixeiro. De camarote, hein? Quem
foi Naninha…
Fora era lindo de luzes e
de cores. A tabuleta do circo – grande Circo Internacional – brilhava em azul,
vermelho e amarelo, as lâmpadas piscando.
Negras de anágua e colares
vendiam pipocas, acarajés, mingau e mungunzá. Todo o Largo estava iluminado
pela luz do Circo. Moleques rodavam espiando os lugares por onde podiam entrar
de carona. Um homem vendia caldo de cana e um negro sorveteiro só queria era
acabar logo a vasilha de sorvete para poder entrar para o galinheiro também.
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