quarta-feira, outubro 02, 2013

JUBIABÁ

Episódio Nº 126


 - … tem o prazer de desafiar qualquer homem desta heróica cidade para uma luta na arena do circo nesta noite, ou durante a estadia do circo.

Se houver um homem que vença Baldo, o circo dará a este herói a quantia de cinco contos de réis. Cinco contos de réis – repetia gritando. E Baldo aposta mais um conto em como não perderá.

 - Não há quem aproveite esta oportunidade?

- Adianto ao respeitável público que dois homens já foram ao escritório do circo para desafiar o grande campeão Baldo que aceitou os desafios.

 - Quem quiser lutar é só aparecer no Grande Circo Internacional esta noite. As lutas terminarão com a morte de um dos lutadores. Com a morte…

E como se não estivesse cansado do discurso, continuou o seu passeio pela cidade, montado de costas, o jumento empacando de quando em vez, ele fazendo que caía, se segurando no rabo do animal, fazendo a cidade toda rir, fazendo o mesmo discurso onde havia gente reunida.

Toda a cidade comentava a luta de morte que haveria e já se sabia que um chofer, um empregado no comércio e um camponês gigantesco estavam dispostos a aceitar o desafio de Baldo, o gigante negro, e a disputar os cinco contos.

A cidade anoiteceu nervosa.

Quando o camponês entrou um rapaz que fazia piadas no galinheiro gritou:

 - José, do casal de guaribas, que você encomendou, o macho já chegou – e apontou o camponês.

Todo o mundo riu. O camponês quis se zangar mas acabou rindo também. Um gigante, aquele camponês de alpercatas e de bordão. Ele se ria porque pensava nos cinco contos que ia ganhar lutando com aquele tal de Baldo.

Na roça ele derrubava árvores com poucas machadadas e carregava troncos enormes através de enormes distâncias, E quando se sentou tinha um sorriso vitorioso, se bem fosse modesto e desconfiado.

Entravam negros carregando cadeiras que eram para as famílias que vinham para os camarotes. O Circo não tinha cadeiras. Os espectadores traziam.

- É por isso que eu só venho pró galinheiro… É mais barato e a gente não tem de trazer nada. Só o corpo.

 - Lá vem o empregado do juiz…

O negro entrou, colocou as cadeiras no camarote, foi lá fora buscar mais e depois se aboletou na arquibancada. Vaiavam um sujeito que foi para um camarote:

 - Aí! Chico Peixeiro. De camarote, hein? Quem foi Naninha…

Fora era lindo de luzes e de cores. A tabuleta do circo – grande Circo Internacional – brilhava em azul, vermelho e amarelo, as lâmpadas piscando.


Negras de anágua e colares vendiam pipocas, acarajés, mingau e mungunzá. Todo o Largo estava iluminado pela luz do Circo. Moleques rodavam espiando os lugares por onde podiam entrar de carona. Um homem vendia caldo de cana e um negro sorveteiro só queria era acabar logo a vasilha de sorvete para poder entrar para o galinheiro também.

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