sábado, outubro 05, 2013

JUBIABÁ

Episódio Nº 129

Uma mulher explica a outra que não gosta de vir ao circo porque tem medo que o leão se solte. Leão dá nervoso nela.

Juju é meia velha, tem rugas que a pintura não encobre mais, porém, ainda assim, é dona de um corpo bem feito. Rosenda Rosedá vem vestida de baiana:

 - Boa noite meu povo…

Corre em volta do circo, saltando, suspendendo a saia que faz roda e que volteando com o vento parece até o pano do circo.

Os homens esquecem Juju, Fifi, o grande equilibrista Robert, o urso, o leão, e até o palhaço, para só verem Rosenda Rosedá, que está vestida de baiana e sacode as ancas num remeleixo.

Os olhos estão cheios de luxúria. Os empregados do comércio esticam os corpos para a frente no camarote.

O Juiz botou os óculos. A sua mulher diz que é uma imoralidade. Os negros na geral estão roucos de tanto gritar. Rosenda conquistou o público.

Só não aparece Baldo, o gigante negro, que lá dentro segura Giusepe bêbedo que quer a pulso vir cumprimentar o público.

Reclamam a presença do negro.

 - Que saia o lutador… que saia o lutador…

 - Tá se escondendo?

Luigi explica que Baldo, o gigante negro, o grande lutador, campeão mundial de boxe, luta-livre e capoeira está dando os últimos treinos e só aparecerá no momento da luta que irá sustentar contra os campeões daquela heróica cidade.

A companhia se retira e começa o espectáculo com Juju e o seu cavalo. O cavalo Furacão corre em galopes pela arena. Juju traz um chicote na mão e veste culote. Os peitos enormes apertados na blusa.

Pula no cavalo. Vai em pé em cima das ancas do animal. Para ela é como se estivesse num automóvel. Dá um salto em cima do Furacão. Aplausos. Faz outras piruetas e se retira entre palmas.

Já vi coisa melhor – diz um homem que é examinado com admiração porque é viajado. Ele conta que esteve na Baía e no Rio.

Isso é porcaria.

Os homens que estão com vontade de aplaudir ficam encabulados. Mas depois perdem o medo e batem palmas com força. É que, depois da banda tocar um samba, o palhaço entrou dando cambalhotas.

Discutiu com Luigi, pegou a mala aberta (via-se uma cueca que aparecia, o bengalão, e quis se retirar. Depois fez umas mágicas, Luigi perguntou:

 - Você esteva na escola, Bolão?

 - Se estive… Levei dez anos na jumentalidade… Eu sou formado em burro, ouviu? – o público ria de se acabar.

Então me diga em quantos dias Deus fez o mundo?

 - Eu sei…

 - Então diga.

 - Você pensa que eu não sei? – arrastava o bengalão…

 - Então diga…

 - Eu sei mas não digo, pronto, que eu não quero.

 - Você não sabe…


 - Não sei… Quem lhe disse que eu não sei… Quem foi, que eu vou dar uma surra nele.

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