quinta-feira, outubro 03, 2013

O combate será de morte, mesmo?
JUBIABÁ

Episódio Nº 127

E dava grandes risadas antegozando o palhaço que era mesmo brincalhão. O povo comprimia-se na bilheteira da geral, onde Luigi esfregava as mãos de contente.

E as velhas da cidade estão espantadas com aquele movimento na terra pacata que dorme às nove horas. É que o Circo revolucionou tudo, o circo é a novidade, é viagem, são as feras de outros países, é a aventura. Negros inventam histórias sobre os artistas.

Eis que vem a música. Agora está dobrando a rua Direita e já se ouve o som da marcha carnavalesca. No Circo todos se levantam.

Os que estão nos bancos mais altos da geral espiam por cima do pano. Os moleques que estão na porta de circo correm e acompanham a “Enterpe 7 de Setembro” que vem garbosa, marcial, vestida de verde e azul.

Seu Rodrigo da farmácia é um bicho na flauta. O pistão atira sons que ficam vibrando no ar e vão se bater na cabeça de António Balduíno que foge da barraca e vem olhar a música.

Banda bonita. Estão bem vestidos como o diabo. Aquele que vai ali de costas é o maestro. António Balduíno bem que trocava o seu lugar de lutador pelo homem magro que vai de costas dirigindo o “Enterpe 7 de Setembro”.

Mas é bonito de verdade, pensa o negro. Como todas as mulatas olham para ele! Todo o povo. Ele é bem um herói da cidade, uma glória da Feira de Sant’Ana. Como o flautista também.

São conhecidos por todos e cumprimentados por todos. O juiz tira o chapéu para eles e os rapazes do banco quando querem quando querem fazer uma farra convidam o flautista para ir com eles e pagam bebidas e o tratam de igual para igual, contando que ele leve a sua flauta.

Mas Giusepe arranca António Balduíno da contemplação da banda da música. O negro vai para a barraca levando no coração a vontade de dirigir uma Enterpe, A “7 de Setembro” vai entrando no Largo do Circo.

Vem cercada de gente, importante, cônscia do seu prestígio. Na porta do Grande Circo Internacional o maestro dá uma ordem e todos os músicos param.

Na geral, nas cadeiras, nos camarotes, na barraca dos artistas também, todos estão ouvindo o dobrado que a Enterpe executa na porta do circo.

E todos pensam que é divino e que a Feira de Sant’Ana tem, sem dúvida, a melhor banda de música de todo o Estado. Acabado o dobrado entram no circo e vão se instalar por sobre a porta num tablado que ali está especialmente para eles. Agora, que a música já chegou, os espectadores reclamam o início do espectáculo que está tardando.

- Palhaço! Que saia o palhaço!

A criançada grita, gritam os homens e até o juiz já consultou o relógio e disse para a consorte:

 - Passam três minutos da hora. A pontualidade é uma grande virtude.

Mas a consorte não se impressiona, que ela já se cansou dos conceitos do marido. No camarote vizinho, um grupo de empregados no comércio, que fizeram uma vaca, comentam a luta.

- Será de morte mesmo?


 - A polícia não deixa…

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