sexta-feira, novembro 29, 2013

Evolução Para Todos
(David Slown Wilsson)

As Artes Vitais




Artes Visuais

A arte visual numa perspectiva cultural evolutiva.

Veja-se como Kathryn Coe (na sua obra The Ancestress Hypothesis: Visual Art as Adaptation), pioneira no estudo da arte visual nessa perspectiva cultural evolutiva, descreve a forma como Anna Shaw, uma mulher da tribo “pima” do Arizona aprendeu a entrançar o vime:

 - «Anna passava horas a apanhar unha-do-diabo, raminhos de salgueiro e tábua-larga na companhia da avó enquanto percorriam juntas o deserto de Sonora.

A observar e a ajudar, Anna foi aprendendo quando e como apanhar os materiais que lhe viriam a ser úteis. Enquanto ajudava a avó a preparar estes materiais para os entrançar, Anna desenvolveu as suas próprias aptidões.

Ao ver a avó trabalhar, via crescer a forma dos cestos e surgir os motivos decorativos. Ao princípio aquele trabalho era difícil para os seus dedos infantis, e os cestos tinham de ser entrançados, depois desfeitos e depois entrançados até o trabalho ficar como devia ser.

Ela conta-nos que a avó lhe dizia que “fazer cestos serve para te ensinar a paciência, minha neta”.

Quando o seu primeiro cesto bem feito ficou acabado, ela foi considerada uma mulher, e o seu estatuto de adulta teve início quando ofereceu esse cesto à avó.»

Este exemplo mostra que o processo de fazer arte é pelo menos tão importante como o produto acabado.

E depois, Kathryn prossegue:

«Aqueles anos de aprendizagem forneceram uma oportunidade para uma rapariga desenvolver uma relação com a avó e ouvir histórias sobre os antepassados comuns, incluindo o significado dos motivos decorativos que ambas haviam herdado desses mesmos antepassados, até à primeira mulher “pima” que tinha feito os primeiros cestos.

Os antepassados estavam à espera que a avó ensinasse a neta a fazer os cestos e também estavam à espera que a neta os aprendesse a fazer para mostrar a sua generosidade oferecendo à avó o seu primeiro cesto bem feito, sendo essa a origem da sua aptidão nessa arte.

… Eles também esperavam que ela respeitasse os idosos, fosse leal e generosa, se tornasse uma boa esposa e uma boa mãe e cooperasse e fosse generosa com a sua gente, primeiro com a família e depois com os outros “pima”.

Era com estes que Anna partilhava um antepassado comum e eram eles que podiam ser identificados não apenas pela língua que falavam e pela maneira de vestir, mas também pelos cestos característicos feitos pelas mulheres.»

Quando é exigida a perfeição na arte para se alcançar um estatuto elevado é também necessária paciência, obediência, respeito e muitos anos na presença de anciãos que transmitem outras informações para além das aptidões, o valor adaptativo da arte no sentido lato torna-se plausível.

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