Episódio Nº 159
Mas ele não gostava de mulher arranjada com feitiço. E pouco se importava que Rosenda fosse embora. O que não admitia era um desrespeito daqueles.
Então ele a trazia e ela ia dançar com outro sem lhe dar
satisfações. Queria bobear o negro. As negras se rebolam no ritmo da marcha.
Um preto velho conta uma história no outro lado. O homem que
quer brigar interrompe com apartes. Um cheiro de suor se espalha.
Um sujeito quer convencer uma mulata a sair com ele.
Naturalmente o chofer está pedindo a mesma coisa a Rosenda. Ela ri. Balduíno se
levanta.
O dinheiro fora para a mulher de Clarimundo. Chega junto do
chofer, puxa o braço de Rosenda:
- Venha dançar comigo…
O chofer se ofende:
- Esta dama está comigo.
- Quem trouxe ela fui eu.
Esse vestido fui eu quem deu. Ela queria um colar mas eu dei o dinheiro para a
mulher de Clarimundo que o guindaste matou.
Puxa Rosenda que fica indecisa com medo. Ela bem sabe que o
negro António Balduíno gosta de brigar. Mas o chofer é que não está disposto a
ceder a dama.
A música acaba e eles ficam no meio da sala discutindo. Seu
Juvêncio vem dizer que não é permitido ficar no meio da sala parado. O chofer
se amola:
- Vá embora…
Joaqui m se aproxima:
- O que é que há?
Rosenda pega no braço de Joaqui m:
- Baldo quer brigar só
porque eu estava dançando com este rapaz. Não deixe não seu Joaqui m.
Agora quase todos estão olhando para eles. O homem bêbedo que
queria brigar põe os préstimos à disposição de António Balduíno:
- Precisa de mim,
patrício?
Seu Juvêncio diz que é uma besteira e pede música ao maestro.
Vem um fox. António Balduíno pega Rosenda.
O chofer diz:
- A gente se encontra.
Rosenda fica dengosa. Agora que Balduíno a conqui stou de outro, novamente ela fica terna e se
aperta nos seus braços.
O negro pensa que se ela estivesse com o colar vermelho no
pescoço ficaria mais bonita. O homem que queria brigar conseguiu formar um
barulho ao fundo.
O chofer está na porta espiando. Desapartaram o barulho. A dança
continua. Seu Juvêncio bate palmas na sala.
Este fox parece música de defunto de tão triste que é.
Clarimundo morreu e não verá mais balões de São João.
Quando acabam de dançar António Balduíno se aproxima do chofer.
- Olhe, eu só queria era
lhe mostrar que você não tomava mulher minha. Agora pode ficar com ela, que eu
não quero esse couro nem para me tocar bronha.
O criouléu se despedaça na dança. E o negro termina a noite
regendo o “Jazz dos 7 Canários”.
O maestro ficou bêbedo de cair. O chofer desapareceu com
Rosenda. O criouléu cheira a suor, os negros riem, se despedaçam no maxixe.
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