terça-feira, dezembro 10, 2013

Viva o proletariado! Viva a greve!
JUBIABÁ

Episódio Nº 185





- É um operário das oficinas. Se chama Pedro Corumba. Um homem escreveu o A B C da família dele que passou o diabo lá em Sergipe.

Eu já li… Ele é um lutador velho. Grevista velho. Já fez greve em Sergipe, no Rio, em São Paulo. Eu conheço ele. Depois lhe apresento.

 -« Quando eu saio de casa digo a meus filhos: vocês são irmãos de todas as crianças operárias do Brasil. Digo isso porque posso morrer e quero que meus filhos continuem a lutar pela redenção do proletariado.

Companheiros, a gente está sendo traída. Essa não é a primeira vez que eu faço uma greve. Eu sei o que é traição. Operário não pode acreditar em ninguém que não seja operário mesmo. Os outros tapeiam, enganam.

Esse que está aqui – aponta o dr. Gustavo – é um amarelo. Quem sabe se já não tem um emprego na companhia, se não lhe deram dinheiro» …

O dr. Gustavo bate na mesa, protesta, diz que o orador o está insultando e que ele é capaz de reagir. Mas os operários têm os olhos em Pedro Corumba que continua:

 - «Companheiros, a gente está sendo traída. A gente não pode aceitar esta proposta da Companhia. Assim eles pensam que a gente está fraco, amanhã tira o aumento e deixa a gente na mão.

A gente começou tem que levar até ao fim. Eu prefiro morrer do que abandonar a greve que já começou. A gente vai vencer. A gente tem que vencer.

O proletariado é uma força e se souber se conduzir, se souber dirigir a luta, conseguirá o que quiser… Companheiros, tudo dentro da nossa proposta. Nada de tapeações.

Abaixo Gustavo Barreiras e a Companhia Circular! Viva o proletariado! Viva a greve!»

 - Viva! – a multidão tem os olhos abertos. Mariano sorri, o negro Henrique mostra os dentes. António Balduíno fala:

 - Os estivadores concordam com o que disse o companheiro Corumba. Eles não estão com o seu caso ainda resolvido. Eles apoiaram a greve dos operários da Circular e esperam que estes os apoiem.

Eles não querem tapeação. Querem que as suas propostas sejam aceites como estão e não pela metade.

Propõe que Gustavo Barreiras, que os estava traindo, seja expulso da mesa.

Se António Balduíno soubesse que ele fora ele o amante de Lindinalva, ele não sairia vivo desta sala. O advogado se retira garantido pelos investigadores. Uma vaia o acompanha pela escada.

Porém pedem silêncio. Severino fala e avisa que agora a luta vai ser mais cruel, mais difícil, pois os inimigos irão dizer que eles é que não querem o acordo.

Propõe que se lance um manifesto à população. Lê o manifesto que já redigiu e que é aprovado. O manifesto explica que eles foram traídos mas que sustentarão a luta até ao fim e que só voltarão ao trabalho quando a companhia aceitar as condições pedidas desde o primeiro momento.


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