Viva o proletariado! Viva a greve! |
JUBIABÁ
Episódio Nº 185
- É um operário das oficinas. Se chama Pedro Corumba. Um homem escreveu o A B C da família dele que passou o diabo lá em Sergipe.
Eu já li… Ele é um lutador
velho. Grevista velho. Já fez greve em Sergipe, no Rio, em São Paulo. Eu conheço ele.
Depois lhe apresento.
-« Quando eu saio de casa digo a meus filhos:
vocês são irmãos de todas as crianças operárias do Brasil. Digo isso porque
posso morrer e quero que meus filhos continuem a lutar pela redenção do
proletariado.
Companheiros, a gente está
sendo traída. Essa não é a primeira vez que eu faço uma greve. Eu sei o que é
traição. Operário não pode acreditar em ninguém que não seja operário mesmo. Os
outros tapeiam, enganam.
Esse que está aqui – aponta o dr. Gustavo – é um amarelo. Quem sabe
se já não tem um emprego na companhia, se não lhe deram dinheiro» …
O dr. Gustavo bate na
mesa, protesta, diz que o orador o está insultando e que ele é capaz de reagir.
Mas os operários têm os olhos em Pedro Corumba que continua:
- «Companheiros, a gente está sendo traída. A
gente não pode aceitar esta proposta da Companhia. Assim eles pensam que a
gente está fraco, amanhã tira o aumento e deixa a gente na mão.
A gente começou tem que
levar até ao fim. Eu prefiro morrer do que abandonar a greve que já começou. A
gente vai vencer. A gente tem que vencer.
O proletariado é uma força
e se souber se conduzir, se souber dirigir a luta, conseguirá o que qui ser… Companheiros, tudo dentro da nossa proposta.
Nada de tapeações.
Abaixo Gustavo Barreiras e
a Companhia Circular! Viva o proletariado! Viva a greve!»
- Viva! – a multidão tem os olhos abertos.
Mariano sorri, o negro Henrique mostra os dentes. António Balduíno fala:
- Os estivadores concordam com o que disse o
companheiro Corumba. Eles não estão com o seu caso ainda resolvido. Eles
apoiaram a greve dos operários da Circular e esperam que estes os apoiem.
Eles não querem tapeação.
Querem que as suas propostas sejam aceites como estão e não pela metade.
Propõe que Gustavo
Barreiras, que os estava traindo, seja expulso da mesa.
Se António Balduíno
soubesse que ele fora ele o amante de Lindinalva, ele não sairia vivo desta
sala. O advogado se retira garantido pelos investigadores. Uma vaia o acompanha
pela escada.
Porém pedem silêncio.
Severino fala e avisa que agora a luta vai ser mais cruel, mais difícil, pois
os inimigos irão dizer que eles é que não querem o acordo.
Propõe que se lance um
manifesto à população. Lê o manifesto que já redigiu e que é aprovado. O
manifesto explica que eles foram traídos mas que sustentarão a luta até ao fim
e que só voltarão ao trabalho quando a companhia aceitar as condições pedidas
desde o primeiro momento.
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