sábado, janeiro 04, 2014

 A Península nos tempos do Imperador Adriano 117-138
Era assim a Península
Ibérica no tempo dos Romanos







Quando os Romanos decidiram ocupar com os seus exércitos a península ibérica, duzentos e tal anos A.C. e instalar a Pax Romana de Augusto sob o comando do Cônsul Cipião, fê-lo no contexto da 2ª Guerra Púnica, com o objectivo de atacar pela retaguarda os interesses que Cartago, seu verdadeiro inimigo, tinha nesta região.

De facto, a influência cartaginesa na península ibérica, permitia-lhe um expressivo reforço, tanto de suprimentos quanto de homens. A estratégia do Senado Romano  visava, assim, enfraquecer as forças cartaginesas, afastando os seus exércitos da península ibérica.
Apesar de derrotarem os cartagineses, no entanto, os romanos não garantiram a ocupação pacífica da península.
A partir de 194 A.C., registaram-se choques com tribos de nativos, denominados genericamente por Lusitanos, conflitos que se estenderam até 138 A.C. e que alguns autores denominaram “Guerra Lusitana”. A disputa foi mais acesa pelos territórios mais prósperos, especialmente na região da actual Andaluzia.
As legiões ocuparam a região norte peninsular, mais inóspita, ocupada e iniciou-se a Pax Romana de Augusto.
Com esta ocupação, asseguravam-se as fronteiras e pacificava-se a região, de modo a que não constituísse ameaça para as populações do vale do Rio Ebro, o mais importante de Espanha que desagua no Mediterrâneo e  era fundamental para o processo de romanização

A partir de então, iniciou-se a administração romana da península, inicialmente com o carácter de ocupação militar, com o fim de manter a ordem e permitir a exploração dos recursos naturais das regiões ocupadas, que foram integradas no território controlado pelo Império Romano.

Assim, a porção ocupada ficava desde já dividida em duas províncias: a Citerior, a Norte, e Ulterior, a Sul, com capital em Córdova.

A Administração ficava a cargo de dois Pretores, bianuais, que nem sempre se cumpria.

Nesse contexto, destaca-se um grupo de Lusitanos liderados por Viriato, eleito por aclamação. Esse grupo infligiu duras derrotas às tropas romanas na região da periferia de Andaluz, tornando Viriato um mito da resistência peninsular.

Em 150 a.C., o Pretor Sérvio Galba aceitou um acordo de paz com a condição de entregarem as armas, aproveitando-se depois para os chacinar. Isto fez lavrar ainda mais a revolta e durante oito anos os romanos sofreram pesadas baixas, culminando no assassínio de Viriato por três traidores comprados pelo ouro romano.

Mas a luta não parou e Roma enviou à península o cônsul Décimo Júnio Bruto Galaico, que pactuou e fortificou Olisipo, (Lisboa), estabeleceu a base de operações em Móron,  próximo de Santarém, e marchou para o Norte, matando e destruindo tudo o que encontrou até à margem do rio Lima.

Mas nem assim Roma conseguiu a submissão total e o domínio do norte da Lusitânia só foi conseguido com a tomada e destruição de Numância, nas margens do Rio Douro, que apoiava os castros de noroeste.

Fundada no início do Século III A.C. e habitada pelos aravecos, um povo Celtibero, foi destruída pelas tropas romanas de Cipião Emiliano em 133 A. C. após um cerco de onze meses que pôs fim a uma feroz resistência de vinte anos aos invasores.

Emiliano, para quebrar a tenaz resistência de Numância, utilizou uma técnica de cruel paciência, construindo um cerco amuralhado em torno da colina de Numância, levando os seus habitantes à inanição e ao desespero. Ao fim de onze meses, os numantinos decidiram pôr cobro à sua vida suicidando-se em massa.
Conta-se que, ao entrar na cidade, Cipião encontrou corpos de mães segurando os corpos de seus filhos mastigados, supondo-se que durante o cerco certa parte da população recorreu ao canibalismo.
A povoação tornou-se então um símbolo da luta contra os romanos e hoje em dia é um monumento nacional espanhol.

Em 60 a.C., Júlio César dá o golpe de misericórdia aos lusitanos quando é pacificada toda a região entre o Tejo e o Douro.

Nascem cidades criadas pelos romanos e expandem-se outras que já existiam. À sua volta instalam-se as populações para os servirem, inicialmente em regime colonial, mais tarde como cidadãos romanos, como aconteceu no resto das cidades da península ibérica.
Muitos das cidades são de origem pré-romana, tratando-se de povoações fundadas antes da romanização, como por exemplo, Conímbriga, cujo sufixo "briga" é de origem celta ou Olisipo, Lisboa, em que "ipo" será de origem fenícia ou ibérica.
Como curiosidade, reparem no nome que os Romanos deram então a várias cidades do nosso país:

 -Braga – Brácara Augusta
 - Coimbra – Aeminium
 - Chaves – Aquae Flaviae
 - Aveiro – Alavarium
- Setúbal – Caetobriga
 - Évora – Ebora, Ebora Cerealis, Liberalitas Júlia
 - Leiria – Colipo
 - Elvas – Dipo
 - Barreiro, Coina – Aquabona
 - Lisboa – Olissipo Felicitas Iulia
 - Santarém – Scalabis
- Viseu – Verurium
 - Portimão – Portus Hannibalis (nome associado ao general Aníbal Barca que atravessou os Alpes e os Pirineus com um exército que incluía elefantes de guerra.

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