DOS
VELHOS
A
República vive da mendicidade. É
crónico. Alexandre de Gusmão, filósofo, diplomata e conselheiro de D. João
V, acentuava que, depois de D. Manuel, o país era sustentado por
estrangeiros.
Era
o Séc. XVIII. A monarqui a reinava
com sumptuosidades, luxos e luxúrias. A rondar o Séc. XX, Antero de Quental,
poeta e filósofo, acordava em
que Portugal se desmoronava desde o Séc. XVII. Era pedinte
do exterior.
A Corte, sempre a sacar os cofres públicos, ia metendo vales
para nutrir nobrezas, caçadas, festanças e por aí fora…. Uma vez mais, entrou
em bancarrota.
Declarou falência em 1892.
Geriu a coisa pública por e a favor de elites com
um só pensamento: o Estado sou eu. Retrocedia-se ao poder absoluto. A
pobreza e miséria dissimulavam-se no Fado, Futebol e Fátima. As liberdades
públicas foram extintas. O Pensamento foi abolido, triturado.
O Povo sofria a repressão e a guerra. O governo durou
40 anos! Com votos de vivos e de mortos. A II República recuperou os princípios
fundamentais de 1910, massacrados
em 1928. Superou muitos percalços, abusos e algumas atrocidades.
Acreditou-se
em 1974, com o reforço constitucional de 1976, que se faria Justiça ao Povo.
Ingenuidade, logro e engano. Os partidos políticos logo
capturaram o Estado, as autarqui as,
as empresas públicas. Nada aprenderam com a História. Ignoram-na.
Desprezam-na. Penhoraram a Nação.
Com
desvarios e desmandos, obras
faraónicas, estádios
de futebol, auto-estradas
pleonásticas, institutos
públicos sobrepostos e inúteis, fundações
público-privadas para gáudio de senadores, cartões
de crédito de plafond ilimitado, etc.
Delírio,
esqui zofrenia esbanjadora. O país faliu de novo em 1983. Reincidiu em 2011.
O governo arrasa tudo. Governa para a troika e obscuros
mercados. Sustenta bancos. Outros negócios escuros.
São o seu catecismo
ideológico e político. Ao seu Povo reservou a austeridade. Só impostos e
rombos nas reformas. As palavras "Povo” e “Cidadão” foram exterminadas
do seu léxico.
Há direitos e contratos com bancos, swaps,
parcerias. Sacrossantos. Outros (com trabalhadores e velhos), mais que
estabelecidos há dezenas de anos, cobertos pela Constituição e pela Lei, se lhe
não servem propósitos, o governo inconstitucionaliza aquela e ilegaliza esta.
Leis vigentes são as que, a cada momento, acaricia.
Hoje umas, amanhã outras
sobre a mesma matéria. Revoga as primeiras, cozinha as segundas a seu agrado e
bel - prazer. É um fora de lei. Renegava a Constituição da República que
jurou cumprir.
Em
2011, encomendou a um ex-banqueiro a sua revisão.
Hoje,
absolve-a mas condena os juízes que, sem senso, a não interpretam a seu
jeito!!! Os empregados da troika mandam serrar as reformas e pensões. O servo cumpre. Mete a faca na broa dos velhos.
Hoje 10, amanhã 15, depois 20%. Até à côdea. Velhos são velhos. Desossem-se.
Já estão descarnados.
Em
2014, de corte em corte (ou de
facada em facada?), organizará e subsidiará, com o Orçamento do Estado,
o seu funeral colectivo. De que serviu aos velhos o governo? E seu
memorando?
Alberto Pinto Nogueira
Procurador-Geral – Adjunto
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