Gestão de expectativas... |
A Ucrânia
e a União
e a União
Europeia
No fim das negociações do governo de Kiev com a União Europeia pode-se perguntar:
- Se Bruxelas
tivesse condições para socorrer Kiev e impor uma doutrina reformista, como
aconteceu com Portugal, deveria tê-lo feito?
Dizendo de outra maneira, o alargamento da União
Europeia será uma prioridade?
Isto não foi objecto de debate na política europeia e,
tal como Salazar não discutia a pátria, os europeus também não discutem os méritos
do alargamento.
Com excepção do eterno caso turco – preconceitos étnicos-religiosos pouco se discutiu o impacto do alargamento a
leste para países como Portugal, da precipitação em integrar a Bulgária e a Roménia
sem políticas de anti-corrupção e da adesão de Chipre sem se resolver o
problema com Ancara.
Não sofre contestação que uma União Europeia alargada
com critério e bom senso é positivo como espaço de liberdade, democracia,
primado da lei e economias abertas.
Mas, na prática, nem tudo o que parece é. Para quê
acenar com a adesão ao povo da ucraniano se, na prática, a União Europeia mal
consegue gerir-se a 28, garantir coesão política sustentável ou acondicionar
democracias de sucesso mínimo (veja-se a Hungria de Orbán).
A gestão das expectativas é um dos grandes problemas
da política e, relativamente à União Europeia um dos seus dilemas.
O que é que se pretende:
- Fazer da
Ucrânia a fronteira da Europa com a Rússia ou a fronteira Russa com a Europa. Este
é um debate político que tem de ser feito.
Bernardo Pires de Lima
Investigador universitário
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