DOMINGO
(Na
minha cidade de Santarém 5/1/2014)
Os
dias estão naturalmente explicados, nascem com a repetição do Sol, que todos
vemos. Já os anos, mais largos e esbatidos, precisaram da intenção humana,
foram inventados. Isto é, os homens precisaram de um marco para dizer que mudavam.
Foi assim que apareceu o Dia do Ano Novo, o 1 de Janeiro. Janeiro de Jano, o
deus romano com face dupla, uma para trás, outra para a frente.
A mensagem era: atendendo o que foi, a partir de hoje vai ser melhor... É o dia das promessas e das esperanças. Promessas, porque pessoais, ainda as podemos ter, apesar de mentirosas: em 2014, vou emagrecer. Mas esperanças não há quando conjugadas com a actual data. Em 1 de Janeiro de2014, a cara virada para o passado viu nada; a
virada para o novo ano nada vê.
No ano passado, ao parar um táxi vazio, não nos admirava se víamos sair dele o chefe do Governo. Amanhã, suspeitamos (de facto, sabemos) ser bem provável que volte a sair um primeiro-ministro, este ou o outro, quando para um táxi vazio. Estamos, assim, sem esperança. E no entanto... Acabei o ano dirigindo-me a um jovem toxicodependente: "Lembra-se daquela senhora velhinha a quem carregava as compras? Morreu ontem, e deu-me isto para si", disse eu, entregando-lhe uma nota de 20 euros. Ele dobrou a nota em quatro e meteu-a num bolso. Estendeu-me a mão. Ia-me embora mas ele chamou--me. Mexia no outro bolso: "Compre duas velinhas", disse, dando-me uma moeda de um euro. Estendi-lhe a mão. Bom ano!
A mensagem era: atendendo o que foi, a partir de hoje vai ser melhor... É o dia das promessas e das esperanças. Promessas, porque pessoais, ainda as podemos ter, apesar de mentirosas: em 2014, vou emagrecer. Mas esperanças não há quando conjugadas com a actual data. Em 1 de Janeiro de
No ano passado, ao parar um táxi vazio, não nos admirava se víamos sair dele o chefe do Governo. Amanhã, suspeitamos (de facto, sabemos) ser bem provável que volte a sair um primeiro-ministro, este ou o outro, quando para um táxi vazio. Estamos, assim, sem esperança. E no entanto... Acabei o ano dirigindo-me a um jovem toxicodependente: "Lembra-se daquela senhora velhinha a quem carregava as compras? Morreu ontem, e deu-me isto para si", disse eu, entregando-lhe uma nota de 20 euros. Ele dobrou a nota em quatro e meteu-a num bolso. Estendeu-me a mão. Ia-me embora mas ele chamou--me. Mexia no outro bolso: "Compre duas velinhas", disse, dando-me uma moeda de um euro. Estendi-lhe a mão. Bom ano!
Ferreira
Fernandes
DN
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