terça-feira, fevereiro 04, 2014

A EUROPA

DAS PÁTRIAS 






A União Europeia é insubstituível: uma espécie de cooperativa fortíssima criada pelos europeus que promove os seus interesses morais e materiais. Ela é a base do bem-estar e da origem das suas vantagens competitivas no mundo.

A livre circulação de pessoas, bens, dinheiro e serviços dentro do mercado interno; a gestão pela Comissão Europeia quer do comércio dos 27 com o resto do mundo quer da concorrência e, dentro de poucos anos, da energia e do ambiente; a moeda única; a promoção, dentro e fora de portas, da decência cívica e política, são pilares essenciais do conforto e segurança das populações e constituem fonte de influência que nenhum membro da União só por si poderia ter agora ou no futuro.

Mas, no entanto…falta-lhe coração, porque este ficou na pátria de cada um dos países que a compõem. Muita gente estaria disposta a morrer pela sua pátria, provavelmente ninguém pela Europa.

O futuro Kaiser Guilherme II perguntou ao seu mestre de equitação o que era mais importante para saltar obstáculos: os cavalos, os cavaleiros ou os arreios?

 - “O coração, sire, o coração. O resto vai atrás”.

 É este, que falta à Europa porque continua lá, agarrado a uma história, a uma língua, a tradições, usos e costumes vividos durante séculos dentro de espaços delimitados por fronteiras mais ou menos estáveis. E quem consegue repartir o coração quando se trata da terra onde nascemos, nasceram os nossos pais e os pais dos nossos pais, um deles, porventura, morto nalguma guerra na defesa dessa terra?

Talvez um dia, quando vier uma guerra, e ela virá, e for necessário alguns de nós morrerem para defenderem a Europa, então, um pouco dos nossos corações pátrios se comece a transferir para esse nosso outro espaço mais alargado que se chama Europa.

Pelos vistos, amor e sangue, em certas circunstâncias, estão juntos.

Entretanto, andamos adormecidos num certo pacifismo esquecendo os meios militares necessários à nossa futura segurança.

Lembram-se quando o Dr. Mário Soares, já aqui há uns anos, falava no contributo financeiro que cada um de nós devia dar para a constituição de um exército europeu?

 - Será que alguém vê nele um guerreiro ou um belicista? E, no entanto, ele estava cheio de razão. Fundem-se histórias e culturas marchando lado a lado, comendo das mesmas marmitas, participando nos mesmos exercícios e, se for preciso, combatendo e morrendo para defender a nossa terra, a terra europeia que é uma terra de liberdade, de direitos sociais e humanos como não há nenhuma outra à face da terra.

Em 2012, foi atribuída à União Europeia o Prémio Nobel da Paz. Para os responsáveis políticos mais distraídos ou menos atentos, principalmente europeus, é preciso gritar, mais que lembrar, que a União Europeia foi criada para garantir a paz numa Europa que em 50 anos já tinha sido devastada por duas Grandes Guerras Mundiais.


Se esse projecto de Paz está neste momento com dificuldades em se afirmar por motivos de natureza financeira, é preciso tomar consciência que o destino não está escrito em lado nenhum, constrói-se no dia a dia, hoje, e mais valioso que o dinheiro é a vida sendo a paz a melhor garantia para a manter. 

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