domingo, março 02, 2014

HOJE É

DOMINGO

(Na minha cidade de Santarém em 2/3/14)



Ou eu me engano muito ou vamos ter mexidas para breve nas fronteiras de países da Europa Central. Realisticamente, não parece possível que a Ucrânia se mantenha tal como está e, se assim for, irá ser à custa de muitas vidas.

Dentro deste país há regiões que têm origens históricas diferentes, umas ligadas ao ocidente, a oeste, e outras, a leste, à mãe Rússia, para já não falar na província da Crimeia com autonomia política relativamente ao governo de Kiev mas perfeitamente ligada à Rússia até pela base naval russa do Mar Negro instalada na cidade de Sebastopol e no facto da sua população ser maioritariamente russa, quase 60%.

São 44 milhões de habitantes divididos nas suas opções de vida: metade deles virados para o ocidente, para a liberdade, para a democracia, os outros, resistentes a mudanças, fiéis ao que sempre conheceram, a mãe Rússia.

É evidente que Putin não vai deixar fugir esta oportunidade de fazer “regressar a casa” estas regiões com grandes ligações à antiga União Soviética, para além de que grande parte da população se sente russa.

A Ucrânia não está em condições de suportar uma guerra civil porque a Europa Ocidental, França, Alemanha, Inglaterra e na outra margem do Atlântico, os E.U. não vão intervir militarmente a favor da manutenção das actuais fronteiras quando a Rússia já o está a fazer na Crimeia e o fará de seguida relativamente às restante províncias a leste que vão querer continuar ligadas à Rússia pelas afinidades históricas, políticas, linguísticas e religiosas.

Por outro lado, a Europa não tem dinheiro para apoiar uma Ucrânia falida que precisa de apoio financeiro maciço, apoio esse que estava a ser prestado pela Rússia e que foi de imediato suspenso.

Tal como a antiga Jugoslávia se desmembrou, infelizmente com banhos de sangue que ainda estão na nossa memória, também a Ucrânia se vai dividir e, deixem-me dizer, que mais importante que o cumprimento dos Tratados são as legítimas aspirações dos povos que vivem nos territórios.

A pior solução será sempre a que passa pela guerra, especialmente quando ela tem contornos étnicos e religiosos. As marcas que ficam ultrapassam, de longe, as dos acordos políticos momentaneamente desfavoráveis a uma das partes.

O desfecho desta situação vai ser determinado pela reacção dos países da parte ocidental da Europa e dos E. U. mas tenho esperanças que tudo acabe na mesa das negociações porque a Ucrânia está numa situação de grande fragilidade relativamente à Rússia.

Presenciei as imagens e li as informações da deputada Ana Gomes que se deslocou a Kiev e assistiu ao comportamento da população que tendo entrado no palácio do Presidente deposto, recheado de riquezas, não tocaram absolutamente em nada.

Pessoas destas merecem o nosso respeito.

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