domingo, março 30, 2014

Largo do Seminário em Santarém
Hoje é

Domingo

(Na minha cidade de Santarém, em 39/3/14)











Passaram cinquenta anos sobre o discurso histórico  de Lutter King quando ele afirmou: “I have a dream...” e nesse sonho ele via brancos e negros, pessoas de todas as raças e credos caminharem lado a lado de mãos dadas.

Isto foi em 28 de Agosto de 1963 e em Abril de d 1968 foi assassinado a tiro num hotel em Menphis... tinha 39 anos e dir-se-ia que o seu sonho tinha terminado da forma mais dramática.

Mas os sonhos não morrem, alguns deles, os que correspondem a anseios da humanidade, têm uma força própria e não será o assassínio do sonhador que lhes põe termo.

Em 2008, quarenta anos depois da sua morte, Barack Obama, de ascendência negra por parte do pai, é eleito Presidente dos E.U.A. e em 2012 reeleito.

O sonho de Lutter King estava realizado ao nível do mais alto magistrado da nação mais poderosa do mundo.

Os ideais de justiça prevalecem porque são inatos, conformes à natureza humana por muitos homens injustos que possam existir à face da terra.

A natureza, leia-se Selecção Natural, permitiu que os homens adquirissem a verticalidade para que, erectos, se pudessem olhar na totalidade, olhos nos olhos, e entenderem-se.

Olhando-se frontalmente eles viram sempre em outro homem um convite às boas práticas de convivência. Nenhum outro ser tem esta faculdade de olhar de forma total e frontal o seu semelhante mas, egoísta como também é, vacila entre a competição e a convivência.

A sua própria natureza não o ajuda, os seus genes são egoístas, não podem contar com eles para construir uma sociedade onde os indivíduos cooperem generosa e desinteressadamente, mas não são os genes que dominam o homem, há até mesmo quem os considere irrelevantes.

O que domina o homem em particular é a sua cultura, os valores e as influências transmitidas de geração em geração e é aqui que nos distinguimos dos outros animais.

Nós construímos complicados sistemas culturais e em todos eles sempre a convivência, que não invalida a concorrência e a competição, se mostrou mais favorável à sobrevivência.

Há, no entanto, uma luta permanente entre o egoísmo e a convivência generosa e altruísta e no seio da sociedade desenvolvem-se forças num sentido e noutro e nós percebemo-las.

À nossa volta há grupos de pessoas que são mais competitivas porque cultivaram entre si complexos de superioridade que funcionam em si mesmo como uma vantagem. Outras, um sentimento de insegurança e a outros, ainda, falta-lhes perseverança e paciência para controlarem os impulsos.

Lembrem-se dos judeus que desenvolveram uma competitividade reforçada em função de viverem em minorias isoladas e serem sujeitos a perseguições ao longo da sua história. Ainda hoje, no seu próprio país, rodeados de árabes por todos os lados, sentem-se ameaçados e obrigam-se a si próprios a serem mais competitivos para sobreviverem comprometendo a paz do seu dia-a-dia e o seu futuro.

E os alemães com os seus complexos de superioridade que lhes dão logo à partida uma vantagem mas que os conduziram a duas guerras no século passado e agora lideram a comunidade europeia com a falta de sensibilidade que está à mostra nos resultados a que chegámos.

A crise, com o rol de sacrifícios porque estamos passando no país e por toda a europa, gera tensões que nos pode tornar mais competitivos, é verdade, porque não há como acomodar mas, no limite, pode também provocar convulsões sociais graves porque a perseverança e a paciência atingem limites que dificultam o controle dos impulsos.

É um desafio que está colocado aos políticos europeus e as eleições estão já aí, sendo que não vejo outra saída que não seja a defesa da manutenção da liberdade democrática como valor primordial.

A Europa teve experiências recentes, já das nossas vidas, de más recordações, em que não houve nem liberdade nem democracia.

Por isso, não fiquemos em casa no dia das eleições, pensemos com discernimento. O projecto europeu tem defeitos e os resultados estão à vista para os confirmar mas, sem ele, o que nos resta?

Então, parece-me óbvio que há que melhorá-lo e só os políticos que viermos a eleger o poderão fazer.

Pensemos nisso...

Site Meter