Largo do Seminário em Santarém |
Hoje é
Domingo
Domingo
(Na minha cidade de Santarém, em
39/3/14)
Passaram cinquenta anos sobre o discurso histórico de Lutter King quando ele afirmou: “I have a dream...” e nesse sonho ele via
brancos e negros, pessoas de todas as raças e credos caminharem lado a lado de
mãos dadas.
Isto foi em 28 de Agosto de 1963 e em
Abril de d 1968 foi assassinado a tiro num hotel em Menphis... tinha 39 anos e
dir-se-ia que o seu sonho tinha terminado da forma mais dramática.
Mas os sonhos não morrem, alguns deles,
os que correspondem a anseios da humanidade, têm uma força própria e não será o
assassínio do sonhador que lhes põe termo.
Em 2008, quarenta anos depois da sua
morte, Barack Obama, de ascendência negra por parte do pai, é eleito Presidente
dos E.U.A. e em 2012 reeleito.
O sonho de Lutter King estava realizado
ao nível do mais alto magistrado da nação mais poderosa do mundo.
Os ideais de justiça prevalecem porque
são inatos, conformes à natureza humana por muitos homens injustos que possam
existir à face da terra.
A natureza, leia-se Selecção Natural,
permitiu que os homens adqui rissem a
verticalidade para que, erectos, se pudessem olhar na totalidade, olhos nos
olhos, e entenderem-se.
Olhando-se frontalmente eles viram
sempre em outro homem um convite às boas práticas de convivência. Nenhum outro
ser tem esta faculdade de olhar de forma total e frontal o seu semelhante mas,
egoísta como também é, vacila entre a competição e a convivência.
A sua própria natureza não o ajuda, os
seus genes são egoístas, não podem contar com eles para construir uma sociedade
onde os indivíduos cooperem generosa e desinteressadamente, mas não são os
genes que dominam o homem, há até mesmo quem os considere irrelevantes.
O que domina o homem em particular é a
sua cultura, os valores e as influências transmitidas de geração em geração e é
aqui que nos distinguimos dos outros
animais.
Nós construímos complicados sistemas
culturais e em todos eles sempre a convivência, que não invalida a concorrência
e a competição, se mostrou mais favorável à sobrevivência.
Há, no entanto, uma luta permanente
entre o egoísmo e a convivência generosa e altruísta e no seio da sociedade
desenvolvem-se forças num sentido e noutro e nós percebemo-las.
À nossa volta há grupos de pessoas que
são mais competitivas porque cultivaram entre si complexos de superioridade que
funcionam em si mesmo como uma vantagem. Outras, um sentimento de insegurança e
a outros, ainda, falta-lhes perseverança e paciência para controlarem os impulsos.
Lembrem-se dos judeus que desenvolveram
uma competitividade reforçada em função de viverem em minorias isoladas e serem
sujeitos a perseguições ao longo da sua história. Ainda hoje, no seu próprio
país, rodeados de árabes por todos os lados, sentem-se ameaçados e obrigam-se a
si próprios a serem mais competitivos para sobreviverem comprometendo a paz do
seu dia-a-dia e o seu futuro.
E os alemães com os seus complexos de
superioridade que lhes dão logo à partida uma vantagem mas que os conduziram a
duas guerras no século passado e agora lideram a comunidade europeia com a
falta de sensibilidade que está à mostra nos resultados a que chegámos.
A crise, com o rol de sacrifícios porque
estamos passando no país e por toda a europa, gera tensões que nos pode tornar
mais competitivos, é verdade, porque não há como acomodar mas, no limite, pode
também provocar convulsões sociais graves porque a perseverança e a paciência
atingem limites que dificultam o controle dos impulsos.
É um desafio que está colocado aos
políticos europeus e as eleições estão já aí, sendo que não vejo outra
saída que não seja a defesa da manutenção da liberdade democrática como valor
primordial.
A Europa teve experiências recentes, já
das nossas vidas, de más recordações, em que não houve nem liberdade nem
democracia.
Por isso, não fiquemos em casa no dia
das eleições, pensemos com discernimento. O projecto europeu tem defeitos e os
resultados estão à vista para os confirmar mas, sem ele, o que nos resta?
Então, parece-me óbvio que há que
melhorá-lo e só os políticos que viermos a eleger o poderão fazer.
Pensemos nisso...
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home