domingo, março 09, 2014

Largo do Seminário, no centro de Santarém
Hoje
é
Domingo

( 9 de Março de 2014 - Na minha cidade em Santarém)









Os portugueses vivem acossados por um governo cujo 1º Ministro, em pleno Congresso do seu Partido, com todo o despudor e falta de gosto, lhes promete mais “pancada” num futuro próximo.

Não tenho dúvidas, desde alguns a esta data, que as despesas do Estado têm que ser ajustadas à nossa situação de devedores e à nossa capacidade de produzir riqueza e que, provavelmente, isso passa por um empobrecimento, mais ou menos transitório que seja, de quantos dependem dos dinheiros públicos em salários, pensões e os mais variados tipos de apoios.

Parece óbvio depois da situação a que chegámos, independentemente de quem teve a culpa, essa “senhora” caprichosa que se escapa para todos os lados, que havia um caminho a arrepiar, mas este caminho que já começou a ser trilhado, - basta olhar para a folha da minha reforma dos últimos tempos - requer muita sensibilidade, inteligência, diálogo, explicações aos cidadãos não só em palavras como também e principalmente, em exemplos.

Em vez disso, o 1º ministro, embora metaforicamente, promete-nos pancada e vai buscar o Relvas para presidir à sua Comissão Política e nós sabemos o que isso significa: negócios, interesses, ligações a quem toma decisões, capacidade de influenciar, em suma, dinheiro para os bolsos dos suspeitos do costume.

 Não tivemos nós já Dias Loureiro, Luís Arnaut, Jorge Coelho... que vagueiam do mundo da política para o dos negócios. José Dirceu, ex-dirigente do PT, ligado ao caso “mensalão” e consultor de multinacionais (actualmente preso), é apresentado como um dos mais antigos amigos de Relvas lá do outro lado do Atlântico.

É evidente que nada disto ajuda à presente situação. O estado de espírito dos portugueses, a sua crença na democracia, na liberdade, nos partidos políticos, desfaz-se progressivamente num caminhar para a descrença, num abrir de portas para soluções radicais de salvadores da pátria...

Depois, quando julgávamos que tínhamos na Europa apenas a Srª Merkel a endurecer-nos a vida, caiem-nos também na rifa a Ucrânia, a Crimeia e o cínico do Sr. Putin a destabilizarem a situação e a ameaçarem a paz acordando fantasmas da falecida União Soviética.

Mas nós parecemos estar longe, salvaguardados aqui na pontinha da Europa... é puro engano. No dia a seguir o preço do petróleo disparou e a maior parte dos meus compatriotas não aguenta mais agravamentos no preço dos combustíveis.

 É sempre assim: “entorna-se o caldo” em qualquer lado e os pequeninos e mais fracos pagam com a vida e todos com a bolsa.

Escandalizou-me aquele senhor que mandava na Ucrânia, de seu nome Ianukovich, que vivia num palácio com sinais interiores e exteriores de riqueza não só escandalosos como também de puro mau gosto e o seu filho, que é dentista, que à custa do poder do pai, acumulou contas bancárias astronómicas.

No evoluir desta situação, o que parece, é que o Sr. Putin, com o seu ar pidesco, está como quer, peixinho na água, com toda a legalidade do seu lado. Então o Presidente corrupto e que vivia que nem nababo, não foi eleito democraticamente, à “rasquinha”, é certo, mas eleito... e não foram uns revoltosos que correram com ele?

- Putin limita-se, cinicamente, a estar ao lado da legalidade...

Na Crimeia temos uma população que afirma ser Russa, só fala russo, que não quer saber do governo da Ucrânia para nada e a quem a autonomia já não chega porque, para eles, o que faz sentido é a sua integração na Federação Russa.

Talvez tudo se venha a resolver na mesa das conversações mas nunca se sabe... e a uma guerra de nervos e de tensão já não nos livramos para além de “ensaios de bofetada” entre ucranianos pró ocidentais e outros pró russos com o Sr. Putin a dizer sibilinamente que tem que ir defender os “compatriotas” que vivem na Ucrânia onde parece haver mesmo um problema de fronteiras para resolver.

 Nas regiões do Leste, encostadas à Rússia, as populações são, naturalmente, histórica, linguística e culturalmente russos, nada têm a ver com os seus compatriotas da parte ocidental, voltados para a Europa.

No entanto, em 1994, a Rússia, E.U.A. e a Europa garantiram a inviolabilidade destas fronteiras e nós sabemos o que é isto de fronteiras desenhadas nos gabinetes e nas costas dos cidadãos.

Lembram-se do continente africano cujas fronteiras foram marcadas, no tempo dos Impérios Coloniais, sobre mapas a régua e esquadro? Andei, há 50 anos atrás, por cima de uma dessas fronteiras riscada por Gago Coutinho na qualidade de cartógrafo, de jeep, horas e horas, numa recta infindável, no leste da fronteira de Angola com a aquela que haveria de ser a futura Zâmbia.

Em certo local, a recta atravessou uma aldeia e pessoas da mesma família ficaram separadas. De um lado da recta, angolanos, (portuguesas), e do outro, rodesianas (Rodésia do Norte) inglesas.

Vieram as independências mas ninguém teve a coragem de mexer naquelas fronteiras que eram autênticas aberrações do ponto de vista demográfico, dividindo aldeias, tribos, etnias, grupos linguísticos, porque então os interesses já estavam instalados e não houve força para lhes mexer. Seria como abrir uma caixa de Pandora... mas ficaram constituindo-se no fermento de guerras, conflitos e disputas.


É isto... nunca pensam nos povos, apenas no que podem ganhar com eles. Ontem em África, mais tarde na Europa...

Site Meter