sexta-feira, maio 30, 2014

Alan Geenspan
O Âmago
da Crise












Vamos recordar o que disse Alan Geenspan, a personalidade mais importante das finanças mundiais, sobre o que esteve no âmago da crise financeira.

O antigo Presidente da Reserva Federal Americana, Alan Geenspan, que esteve durante 18 anos à frente daquele poderoso organismo até Janeiro de 2006, e cuja voz era ouvida religiosamente por todos os que tinham de tomar decisões importantes no mundo das finanças, veio mais tarde, em declarações prestadas numa Audiência na Câmara dos Representantes, reconhecer que, afinal, sempre esteve enganado sobre a capacidade dos responsáveis das entidades bancárias de defenderem os interesses dos respectivos accionistas e da própria sobrevivência das instituições que superintendiam, admitindo que errou por ter confiado na auto regulação dos mercados.


O testemunho deste homem, profundamente envelhecido, até há pouco o todo poderoso do mundo da finança nos EUA, foi algo de patético e se esta crise tem um rosto era aquele, certamente.



Acreditou-se num “homem” que, na realidade, não existe nem nunca existiu e uma sociedade que se estrutura numa base irrealista está destinada a surpresas muito desagradáveis.



Foi assim nos regimes comunistas com os resultados conhecidos e está a ser agora quando se deixou “à rédea solta pessoas que foram praticamente livres para actuarem e decidirem num sector de actividade que era vital para todos nós.



O “homem” é intrinsecamente egoísta e desonesto, que é uma das formas de ser egoísta, e portanto não se espere dele aquilo que não está na sua natureza e por isso, em sociedade, o homem tem de se defender de si próprio.





Richard Dawkins, no seu livro “O Gene Egoísta” escreveu:



- “Este livro pretende, acima de tudo, ser interessante, mas se alguém quiser extrair dele uma moral, que seja lido como um aviso.


Saibam que, se desejarem, tal como eu, construir uma sociedade na qual os indivíduos cooperem generosa e desinteressadamente para o bem-estar comum, não poderão contar com a ajuda da natureza biológica.


Tentamos ensinar generosidade e altruísmo porque nascemos egoístas.



Compreendamos o que pretendem os nossos próprios genes egoístas, para que possamos ter a oportunidade de frustrar as suas intenções, uma coisa que nenhuma outra espécie alguma vez aspirou a fazer.



Os nossos genes podem programar-nos para sermos egoístas, mas não somos obrigados necessariamente a obedecer-lhes, simplesmente, ser-nos-á mais difícil aprender o altruísmo do que seria se estivéssemos geneticamente programados para sermos altruístas.”


Pensem naquelas centenas ou milhares de pessoas que em todo o mundo tinham a liberdade de tomar decisões, legais ou de legalidade duvidosa, no desempenho dos seus cargos nas instituições bancárias onde trabalhavam;

Pensem nos muitos milhões de clientes de bancos, que lhes confiam os seus depósitos ou que aceitam empréstimos porque lhos concedem mas admitindo, interiormente, que têm pouca probabilidade de os pagarem.


Pensem nos muitos outros milhões que vivem permanentemente endividados porque não aceitam um nível de vida com despesas dentro dos seus orçamentos apenas porque se julgam com direito a terem e a usufruírem daquilo que vêm no vizinho.



Em todos estes casos temos manifestações de egoísmo e não estamos, de certo, a pensar nos outros… apenas a obedecer à nossa natureza egoísta.



É preciso saber isto, a ciência da biologia e da genética ensina-nos sobre o homem, não apenas para vivermos mais tempo e com mais saúde, mas também para nos conhecermos melhor naquilo que é a nossa verdadeira natureza e o Aviso foi feito por Richard Dawkins.



Parece, no entanto, que nas coisas importantes da vida só conseguimos aprender à nossa custa, a nível individual, muitas vezes já tarde de mais, no que respeita à sociedade, parece que aprendemos no momento mas, normalmente, mais tarde voltamos ao erro.



Não está ao nosso alcance corrigir a nossa própria natureza que é o resultado de um processo evolutivo de muitos milhões de anos, mas somos dotados de inteligência e conhecimentos que nos permitem defender do risco que representamos para nós próprios.

Nós, portugueses, temos casos graves de bancos fraudulentos e muita gente enganada porque, ela própria, também se julgava com direito a ganhar mais dinheiro que os outros e isso aconteceu também com a Dª Branca e vai acontecendo todos os dias por esse país fora.
José Oliveira e Costa, do BPN, ouvido por uma Comissão de Deputados no Parlamento, reconhecia pacificamente que ganhar dinheiro tornou-se numa volúpia  que se apossara dele e à qual não conseguiu resistir.
 A lição não foi tirada completamente porque os dispositivos de fiscalização, controle e regulação bancários, não são completamente eficazes.
O Director do Banco de Portugal, à altura, Victor Constâncio, reconheceu ingenuamente que nunca desconfiara dele até por ter sido anteriormente um alto funcionário do próprio  Banco de Portugal. 

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