domingo, maio 18, 2014

Largo do Seminário no centro da cidade.
HOJE
É
DOMINGO

(Na Minha cidade de Santarém, em 18/5/2014)












Não é fácil ser português em 2014 ao fim de setenta e cinco anos de vida. Quanta coisa já vivemos num período em que, como  em nenhum outro, quase tudo mudou. Parece até que fomos vítimas de uma reviravolta, abalroados, atropelados, vítimas de um terramoto político e social que terá deixado tudo do avesso.

Os “terroristas” que o governo me apontava nos meus vinte anos são agora nossos “donos” e "senhores",“patrões”de muitas das nossas “jóias da coroa”, os melhores clientes das lojas mais chiques da Av. da Liberdade.

Os chineses, aqueles homenzinhos esquisitos e insignificantes, que na minha infância conhecia da banda desenhada, são só a maior economia do mundo e o nosso Presidente lá está agora, em visita, dizendo-lhes, claramente: - Por favor ajudem-nos... lembrem-se de que, em tempos remotos da nossa história, fomos sempre amigos e bons vizinhos em Macau.

Mil e trezentos milhões de pessoas com acesso ao conhecimento científico numa sociedade culturalmente unida de indivíduos trabalhadores e disciplinados, produzem o maior contingente de sábios do mundo e, se não forem inventivos, copiam o que os outros descobrem o que, para eles, vai dar ao mesmo...

Era óbvio, que num dia, mais próximo do que se pensava, eles quereriam ser, legitimamente, senhores do mundo. É certo que os americanos têm as Forças Militares mais poderosas mas também é verdade que os chineses são os seus maiores credores... e assim, lá está também o nosso Presidente Cavaco a pedir-lhes: “por favor, ajudem-nos”.

Nas escolas do meu tempo, quando nos estávamos a formar como cidadãos deste país, disseram-nos que tínhamos tido reis gloriosos que enviavam embaixadas ao Papa provocando o espanto e a admiração da Europa que então era o mundo, impérios, heróis, santos, poetas, aventureiros, conquistadores, guerreiros, descobridores, tudo isso polvilhava a história que nos ensinaram para nosso orgulho, para encher o nosso ego, fortalecer o nosso patriotismo.

Tal como na poderosa Inglaterra, o sol também nunca se punha no Portugal do Minho a Timor passando por África e pela Índia.

Era este o Portugal que as escolas de Salazar nos ensinavam e à sombra do qual ele viveu e sobreviveu até ter caído da cadeira quando passava férias no Forte de Santo António em São João do Estoril em Agosto de 1968. Um Portugal pequenino na Europa mas grande no mundo...

E agora, readquirida uma independência fictícia com a saída da Troyka, mas endividados para sempre, estrebuchamos nas mãos de uma Europa que não sabemos ao certo se nos quer e para que nos quer, pequeninos que somos... porque o mundo já lá vai.

Eu não sei se os nossos credores sabem, mas nós temos agora cerca de 130 velhos por cada cem jovens e a continuar assim alguém vai acabar a pagar a nossa dívida que não nós... é uma questão de álgebra e tempo.

Lembro apenas que. à laia de comparação, os Irlandeses têm pouco mais de metade – 77/100 -  e os alemães, os mais velhotes da Europa, mais de 160/100, mas eles dão-se ao luxo de escolher os seus imigrantes a dedo entre os que mais lhes interessam para a criação da sua riqueza, como jovens portugueses qualificados que nos custaram tanto dinheiro a formar.

Em contrapartida, nós recebemos famílias de países do Leste Europeu para mendigar nas ruas com as suas crianças e roubar carteiras aos turistas nos Carros Eléctricos da Baixa.

Mas temos o sol, o clima, as praias e um interior para descobrir que faz as delícias dos velhos reformados europeus. Aldeias esquecidas, abandonadas, desertas, à espera que alguém lhes dê vida e nelas encontre, no meio das serras beirãs ou das estepes alentejanas, a tranquilidade de uma vida stressante que já ficou para traz e isto num país em paz social e que ninguém disputa.

Pudessem as belezas da nossa natureza ser exportados ou vendidos e já teriam sido levados com a mesma facilidade com que os chineses nos compraram a nossa EDP, ou a nossa “nacionalidade”, porta para a Europa, a troco da compra de um apartamento por 500.000 euros na Linha do Estoril, que é só a mais linda da Europa e do mundo com o oceano Atlântico à frente como paisagem sem fim à vista para além dos "barquinhos" que ao longe vão passando.

500.000 euros!... Como se isso fosse dinheiro para eles... até a pedir somos pobres... ou então falta-nos a vocação negocial dos nossos vizinhos árabes.

É como os jogadores de futebol... O meu Sporting, por exemplo, não consegue manter para além de um ano, na equipa principal, um jovem mais habilidoso, daqueles mesmo bons, que saia das suas escolas porque logo vem um Clube estrangeiro de um multimilionário qualquer, daqueles que têm Clubes de Futebol como os ricos do antigamente, na minha terra, tinham amantes e lá vai ele... e agora, vejam lá, até o treinador me levaram!

Porque não levam os nossos políticos?

Então, o charmoso do Passos Coelho ou o sorriso Pepsodente do Tó Zé Seguro não ficavam bem em qualquer galeria política das salas da Europa mais que não fosse para emoldurar?


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