José Pacheco Pereira |
Pacheco Pereira
analisa a situação
no PS
" … o aparelho do PS é cada vez mais
parecido com o do PSD. Não é que Costa não saiba o que é aparelho, visto que
também o tem, mas pensava que a massa crítica do aparelhismo era menor no PS do
que no PSD.
Enganou-se. Nesta matéria PS e PSD estão cada vez mais parecidos:
tem no seu interior, a mandar no partido, uns poucos milhares de pessoas que não
tem emprego fora do partido e da influência e lugares do partido.
Por isso,
hoje, todas as disputas pela liderança no PS e PSD são também para muitos um
risco de despedimento colectivo, e quem lá está não quer correr o risco de
perder o emprego.
São muito mais combativos que a CGTP, que parece um menino de
coro face a estas pessoas que ascenderam a lugares de poder e influência, apenas
dentro dos partidos. Os partidos são a sua profissão. Eles sabem que cá fora a
vida é dura."
Nota - Tal e qual, nem mais...
É fundamentalmente a esta realidade que a vida política no nosso país está reduzida o que pode vir a ser fatal para o nosso futuro.
É muito difícil lutar contra estes jovens turcos que se apossaram do aparelho dos partidos usando todos as técnicas e estratagemas aprendidos logo na escola, funcionando como eucaliptos que secam e matam à nascença outras árvores que não sejam da mesma estirpe dispostas a alianças.
Pacheco Pereira, historiador, sociólogo, que conviveu por dentro, desde a revolução do 25 de Abril, com toda a classe política portuguesa, sabe do que fala.
Claro que sempre houve bons e maus políticos e todos eles tiveram os seus adeptos e seguidores no saudável jogo da luta democrática. O problema, agora, o maior de todos, é o desespero de todos aqueles, e são quase todos, que vivem dos partidos e encontram neles a sua subsistência em empregos que lhes são arranjados e que perdem quando partido muda de chefe ou perde o poder.
Quem está disposto a competir com esta gente?... Ser vítima de truques e de esquemas não precisando, se tiver as suas vidas organizadas no privado ou no público?... Quem se sujeita?...
António Costa aceitou correr o risco. É Presidente da Câmara de Lisboa, não está desempregado mas aceitou desafiar Seguro porque não aceita vitórias pequeninas, de Pirro, - o meu voto estava lá mas não foi para Seguro, foi para o PS do Parlamento Europeu - que este transformou, com todo o descaramento, em grande vitória ao arrepio de qualquer analista, o mais desapaixonado.
E o que lhe aconteceu? Mimos como este: ... "ladrão", "traidor" e o mais que terá sido dito...
Mas a grande novidade foram uma eleições primárias inventadas por Seguro para decidir em fins de Setembro, princípios de Outubro, quem vence ou quem perde.... longos meses ao longo dos quais o partido vai fritando em lume brando... mas que importa se o culpado irá ser o "ladrão" e o "traidor" do Costa?...
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