segunda-feira, julho 28, 2014

António Costa
A Armadilha











Muitos comentadores e analistas estão a pretender envolver António Costa numa armadilha nesta sua disputa com António José Seguro pela liderança do PS.

Costa tem um discurso estruturado, fala pausadamente, pensa o que diz, diz o que pensa, raciocinando sobre as coisas e o que ele afirma de mais importante é que Portugal tem que pensar o seu futuro a dez anos de distância, envolver na estratégia para esse longo período o maior número de portugueses dando, na liderança do partido e do país, o maior contributo possível para numa acção integrada com outros líderes europeus, influenciar a política da Comunidade para soluções mais favoráveis aos países do Sul e concretamente a Portugal.

Para liderar esse processo por parte do Partido Socialista, António Costa, afirma-se pela sua experiência e qualidades já demonstradas e reconhecidas, o mais indicado.

Mas o que certos comentadores e analistas pretendem ouvir de António Costa é que ele diga quando ainda nem sequer apresentou o seu processo de candidatura às primárias “inventadas” pelo Seguro, se corta nos salários, nas pensões, se despede funcionários públicos e, senão o fizer, onde vai buscar o dinheiro para pagar parte substancial da Despesa constituída pelos juros da Dívida Pública.

Esta é a armadilha.

 Pega-se no problema das finanças públicas do país, isoladamente, sem alterar o contexto, ele que é, nesta perspectiva, insolúvel como a Quadratura do Círculo e desafia-se António Costa a apresentar a solução.

António Costa é um homem inteligente, um político de carreira que sabe que aquilo que diz hoje lhe será cobrado amanhã e neste momento encontra-se numa campanha eleitoral em que tudo o que diga compromete o seu futuro e custa-lhe votos.

António Costa não tem soluções mágicas porque não as há. Pretender que ele “tire um coelho da cartola” para se afirmar como um político diferente e melhor que António José Seguro é uma impossibilidade e um desejo de má-fé.

A diferença nunca poderá estar aí, e como afirmou o insuspeito Marcelo Rebelo de Sousa, logo no início do desafio de António Costa ao lugar de líder do PS, essa diferença está à vista, está nele próprio, como um político muito mais capaz do que Seguro.

Miguel Sousa Tavares afirma que para Costa o problema do deficit, da dívida e da carga fiscal não existem. Claro que existem e ele sabe perfeitamente que para António Costa esses problemas existem. Não falar concretamente numa coisa num determinado momento não é negar a existência dessa coisa.

António José Seguro, que a conselho dos seus iluminados assessores, já disse e prometeu tudo que havia a dizer e a prometer, não indicou nenhuma solução para o problema do deficit, da dívida e da carga fiscal que não seja, talvez, o recurso à Srª de Fátima.

Mas já António Costa tinha que o fazer...

Portugal nunca viveu na sua história uma situação tão grave como esta que está à vista de todos e da qual, por si só, isoladamente, não conseguirá sair mas não nos esqueçamos que o país faz parte da Comunidade Europeia também ela responsável para a situação em que nos encontramos e esse é um longo caminho a percorrer.

António Costa fala numa maioria absoluta para o PS nas próximas eleições legislativas e Seguro, de forma sarcástica, diz que isso já foi dito por ele em Abril e que Costa tem que dizer coisas novas, diferentes...

... Mas não foi Costa que disse que a vitória do PS nas últimas eleições para Parlamento Europeu com 31,4% dos votos constituía uma vitória de Pirro enquanto Seguro exultava festejando essa Grande vitória?... Afinal, até aonde vai a sua ambição?... até aos 31,4 ou à maioria absoluta?...  

Não iremos estar, seja com quem for, fora dos sacrifícios e exactamente por isso, precisamos de um político especialmente hábil, sensível e corajoso com uma ideia abrangente e o mais alargada possível para enfrentarmos esse caminho.

Até lá não queiramos, à laia de teste, aplicar rasteiras a António Costa.

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