Muitos comentadores e analistas estão a
pretender envolver António Costa numa armadilha nesta sua disputa com António
José Seguro pela liderança do PS.
Costa tem um discurso estruturado, fala
pausadamente, pensa o que diz, diz o que pensa, raciocinando sobre as coisas e
o que ele afirma de mais importante é que Portugal tem que pensar o seu futuro
a dez anos de distância, envolver na estratégia para esse longo período o maior
número de portugueses dando, na liderança do partido e do país, o maior
contributo possível para numa acção integrada com outros líderes europeus, influenciar a política da Comunidade para soluções mais favoráveis aos países
do Sul e concretamente a Portugal.
Para liderar esse processo por parte do
Partido Socialista, António Costa, afirma-se pela sua experiência e qualidades
já demonstradas e reconhecidas, o mais indicado.
Mas o que certos comentadores e
analistas pretendem ouvir de António Costa é que ele diga quando ainda nem
sequer apresentou o seu processo de candidatura às primárias “inventadas” pelo
Seguro, se corta nos salários, nas pensões, se despede funcionários públicos e,
senão o fizer, onde vai buscar o dinheiro para pagar parte substancial da
Despesa constituída pelos juros da Dívida Pública.
Esta é a armadilha.
Pega-se no problema das finanças públicas do
país, isoladamente, sem alterar o contexto, ele que é, nesta perspectiva, insolúvel
como a Quadratura do Círculo e desafia-se António Costa a apresentar a solução.
António Costa é um homem inteligente, um
político de carreira que sabe que aqui lo
que diz hoje lhe será cobrado amanhã e neste momento encontra-se numa campanha
eleitoral em que tudo o que diga compromete o seu futuro e custa-lhe votos.
António Costa não tem soluções mágicas
porque não as há. Pretender que ele “tire um coelho da cartola” para se afirmar
como um político diferente e melhor que António José Seguro é uma
impossibilidade e um desejo de má-fé.
A diferença nunca poderá estar aí, e
como afirmou o insuspeito Marcelo Rebelo de Sousa, logo no início do desafio de
António Costa ao lugar de líder do PS, essa diferença está à vista, está nele
próprio, como um político muito mais capaz do que Seguro.
Miguel Sousa Tavares afirma que para
Costa o problema do deficit, da dívida e da carga fiscal não existem. Claro que
existem e ele sabe perfeitamente que para António Costa esses problemas
existem. Não falar concretamente numa coisa num determinado momento não é negar
a existência dessa coisa.
António José Seguro, que a conselho dos
seus iluminados assessores, já disse e prometeu tudo que havia a dizer e a
prometer, não indicou nenhuma solução para o problema do deficit, da dívida e
da carga fiscal que não seja, talvez, o recurso à Srª de Fátima.
Mas já António Costa tinha que o
fazer...
Portugal nunca viveu na sua história uma
situação tão grave como esta que está à vista de todos e da qual, por si só,
isoladamente, não conseguirá sair mas não nos esqueçamos que o país faz
parte da Comunidade Europeia também ela responsável para a situação em que nos
encontramos e esse é um longo caminho a percorrer.
António Costa fala numa maioria absoluta
para o PS nas próximas eleições legislativas e Seguro, de forma sarcástica, diz
que isso já foi dito por ele em Abril e que Costa tem que dizer coisas novas,
diferentes...
... Mas não foi Costa que disse que a
vitória do PS nas últimas eleições para Parlamento Europeu com 31,4% dos votos
constituía uma vitória de Pirro enquanto Seguro exultava festejando essa Grande
vitória?... Afinal, até aonde vai a sua ambição?... até aos 31,4 ou à maioria absoluta?...
Não iremos estar, seja com quem for,
fora dos sacrifícios e exactamente por isso, precisamos de um político
especialmente hábil, sensível e corajoso com uma ideia abrangente e o mais
alargada possível para enfrentarmos esse caminho.
Até lá não queiramos, à laia de teste,
aplicar rasteiras a António Costa.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home