Quem conquista mando e autoridade contrai obrigações |
TOCAIA GRANDE
(Jorge Amado)
Episódio Nº 27
Não lhe ofereceu dinheiro, ao
despedir-se: iria magoá-la se o fizesse: em lugar do vintém de cobre, a
menininha pedia tão somente agrado.
Mas, antes de tomar o atalho, o Capitão
acertou com Bastião da Rosa e Lupiscínio o aproveitamento das sobras da madeira
cortada para Fadul; com elas levantariam, por sua conta, uma casinha de três cómodos,
onde a afilhada e Coroca pudessem morar e exercer o ofício.
Quem conqui sta
mando e autoridade, contrai igualmente obrigações. Deve cumpri-las.
O NEGRO CASTOR ABDUIM DA ASSUNÇÃO AGRIDE
UM SENHOR DE ENGENHO DEPOIS DE TÊ-LO CORNEADO DUPLAMENTE
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O negro Castor Abduim da Assunção
trouxera do Recôncavo,
de onde procedia, o apelido de Tição
Aceso e em parte o conservara, atendendo raramente pelo nome de baptismo;
passou a ser apenas Tição, rapaz festeiro.
Ao mesmo tempo, ao empreender a fuga,
deixara para trás e para sempre o apodo de Príncipe de Ébano, repetido por
Adroaldo Muniz Saraiva de Albuquerque, Barão de Itauaçu, com evidente sotaque
de chalaça mas que a Baronesa Marie-Claude Duclos Saraiva de Albuquerque, ou
simplesmente
Madama, pronunciava revirando os olhos,
tilintando a língua,
rebolando o cu.
O cu e não os quadris, as ancas, as
cadeiras, a bunda, na opinião competente apesar de apaixonada da mulata Rufina,
que a proclamava na cozinha da casa-grande provocando risos e remoques: sendo
Madama despossuída de tais magnitudes não as podia rebolar.
Em troca arregalava uns olhos enormes,
pedinchentos, perturbadores e exibia. sob as rendas da transparente blusa de organdi,
num descaro de gringa, um par de seios diminutos porém firmes, altaneiros, de
uma alvura mais que branca, cor-de-rosa: uma galanteza.
Quando o jovem Castor, envergando o
vistoso traje de fâmulo, surgia na sala de jantar trazendo os cristais na
bandeja de prata, Madama sussurrava: Mon Prince: - e a voz se diluía em gozo.
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