quinta-feira, agosto 14, 2014

Quem conquista mando e autoridade contrai obrigações
TOCAIA GRANDE

(Jorge Amado)




Episódio Nº 27















Não lhe ofereceu dinheiro, ao despedir-se: iria magoá-la se o fizesse: em lugar do vintém de cobre, a menininha pedia tão somente agrado.

 Mas, antes de tomar o atalho, o Capitão acertou com Bastião da Rosa e Lupiscínio o aproveitamento das sobras da madeira cortada para Fadul; com elas levantariam, por sua conta, uma casinha de três cómodos, onde a afilhada e Coroca pudessem morar e exercer o ofício.

 Quem conquista mando e autoridade, contrai igualmente obrigações. Deve cumpri-las.


O NEGRO CASTOR ABDUIM DA ASSUNÇÃO AGRIDE UM SENHOR DE ENGENHO DEPOIS DE TÊ-LO CORNEADO DUPLAMENTE


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 O negro Castor Abduim da Assunção trouxera do Recôncavo,
de onde procedia, o apelido de Tição Aceso e em parte o conservara, atendendo raramente pelo nome de baptismo; passou a ser apenas Tição, rapaz festeiro.

Ao mesmo tempo, ao empreender a fuga, deixara para trás e para sempre o apodo de Príncipe de Ébano, repetido por Adroaldo Muniz Saraiva de Albuquerque, Barão de Itauaçu, com evidente sotaque de chalaça mas que a Baronesa Marie-Claude Duclos Saraiva de Albuquerque, ou simplesmente
Madama, pronunciava revirando os olhos, tilintando a língua,
rebolando o cu.

O cu e não os quadris, as ancas, as cadeiras, a bunda, na opinião competente apesar de apaixonada da mulata Rufina, que a proclamava na cozinha da casa-grande provocando risos e remoques: sendo Madama despossuída de tais magnitudes não as podia rebolar.

Em troca arregalava uns olhos enormes, pedinchentos, perturbadores e exibia. sob as rendas da transparente blusa de organdi, num descaro de gringa, um par de seios diminutos porém firmes, altaneiros, de uma alvura mais que branca, cor-de-rosa: uma galanteza.

Quando o jovem Castor, envergando o vistoso traje de fâmulo, surgia na sala de jantar trazendo os cristais na bandeja de prata, Madama sussurrava: Mon Prince: - e a voz se diluía em gozo.

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