Vista da cidade do Porto |
E Viva
o Porto!
o Porto!
Visitei o Porto, visita rápida como a
dos médicos só que eu não tinha doentes à minha espera. E realmente a sensação
é a de quem visita uma terra de gente doente na pessoa do motorista de táxi que me transportou da Estação dos C.F. ao Hotel.
Tristonho, revoltado, descorçoado, mal-dizente da vida… apenas a fé inabalável no seu F.C. Porto e no inefável e infalível Pinto da Costa, orgulho dos dragões, garantia de vitória.
Tristonho, revoltado, descorçoado, mal-dizente da vida… apenas a fé inabalável no seu F.C. Porto e no inefável e infalível Pinto da Costa, orgulho dos dragões, garantia de vitória.
Quanto ao resto é o desânimo, ou porque
o Estado levou a casa construída com o dinheiro ganho em dezassete anos
emigrado na Venezuela, ou porque, pura e simplesmente, não há trabalho, não há
clientes.
Horas e horas ao volante de um táxi que não é dele, remunerado à comissão, para chegar ao fim do dia e levar para casa cerca de dez euros… e isto quase aos sessenta anos.
Horas e horas ao volante de um táxi que não é dele, remunerado à comissão, para chegar ao fim do dia e levar para casa cerca de dez euros… e isto quase aos sessenta anos.
Vida cruel, esta: trabalha-se anos e
anos, sabe-se lá em que condições, regressa-se à terra saudoso, constrói-se a
casa sonhada e depois vem o cobrador de impostos e leva a casa…
Que importam os pormenores, a história... Os erros já
estão feitos, as ingenuidades cometidas. Atrás daquele volante regressou ao
ponto zero da sua vida, velho e gasto, ainda se tivesse vinte anos.
Penso na sociedade onde tudo isto
acontece e neste capitalismo neoliberal que foi esperança e desafio depois do
comunismo em que alguns pensaram que se poderia conseguir o paraíso na terra e agora com um capitalismo motor do desenvolvimento em que as forças reguladoras
garantiriam o funcionamento para o bem estar para todos.
Mas a realidade foi outra. A cobiça, a
ambição e a voragem de homens concretos de caras que agora vão aparecendo com
estrondo nos jornais, fizeram das medidas reguladoras “gato sapato”, chamaram a
si os políticos, gente fraca, sem forças para resistirem ao canto da sereia e o
resultado é uma sociedade triste, empobrecida, de cidadãos resignados, à boa
maneira portuguesa, sem saberem bem o que pensar.
-
… Mas o senhor tem dúvidas de que o F. C. Porto vai voltar ganhar outra vez o
campeonato e iniciar um novo ciclo de vitórias?
-
Eu, não … com pena minha, sinceramente, não tenho, pensei mas não disse.
Mas vendo bem, talvez aquele
motorista de praça a começar a vida novamente a partir do zero quase aos
sessenta anos, esteja mais precisado das alegrias do seu Porto que eu do meu
Sporting.
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