quarta-feira, setembro 17, 2014

A pandilha
O Que nos impede de crescer















Quando Passos Coelho condiciona a política salarial ao aumento da produtividade ou Seguro faz condicionar o direito dos funcionários públicos à reposição dos vencimentos cujos cortes foram repetidamente declarados inconstitucionais não só estão sendo velhacos, como revelam uma total ignorância em matéria económica. 
  
Estão sendo velhacos porque este argumento não passa de um truque para não responderem às dúvidas, para assumirem as suas verdadeiras posições em relação ao que é socialmente justo e porque desta forma adiam a reposição da justiça e o combate ao aumento das desigualdades. Se essa posição assumida repetidamente por esta geração de políticos de plástico tivesse o mínimo de honestidade então teriam de fazer a avaliação do aumento da produtividade dos últimos dez anos e comparavam-na com a evolução salarial no Estado e no sector privado.
  
Revelam ignorância, mas também velhacaria e pouca honestidade, quando estabelecem uma relação entre crescimento e produtividade porque isso significa considerar que o crescimento económico depende apenas do aumento da produtividade e esta é uma consequência do que o trabalhador produz com o que o empresário investe em equipamentos e tecnologia. O crescimento resulta de causas bem mais variadas e muitas delas não são uma consequência nem da vontade de trabalhar, da qualidade dos gestores ou do que se investe em equipamentos e tecnologia.
  
Quando de forma irresponsável e a pensar mais em votos do que na economia nacional o governo e o Banco de Portugal observam o GES/BES a caminharem para o abismo e só intervêm no último momento para lhe darem um empurrão para a frente estão destruindo crescimento económico e dificultando o financiamento da economia e no investimento em produtividade. Quando a ministra da Justiça em vez de tornar a justiça célere a usa para fazer discursos populistas e lança todo o sistema judicial no caos para implementar uma reforma judiciária feita com base no Guia Michelin está afugentando o investimento estrangeiro.
  
A incompetência dos governos, a irresponsabilidade de políticos feitos com plástico de má qualidade, a corrupção generalizada, a ausência de supervisores competentes e honestos nas mais diversas áreas da economia, a inexistência de concorrência nos mercados, as sucessivas golpadas dadas aos pequenos investidores no mercado de capitais, a manipulação dos governos e até de alguns líderes da oposição pelos administradores da banca, tudo isto e muitas mais são entraves ao crescimento económico.
  
Quando governantes e políticos com trinta e mais anos de envolvimento em tudo isto fazem depender a justiça social do crescimento económico mais não fazem do que adiá-la eternamente, permitindo um imenso esquema que promove o enriquecimento fácil de uma elite cada vez mais corrupta e sem vergonha, o desequilíbrio crescente na distribuição do rendimento e, como se viu nos últimos anos, esta imensa máquina oportunista é imparável ao ponto de poder conduzir a impasses económicos de consequências  sociais graves.
  
Não é o crescimento económico que traz a justiça social, é esta com tudo o que envolve e toda a revolução que implica no estado em que está o país que viabiliza o crescimento económico e a criação de riqueza. Com um país apodrecido por corrupção, por incompetência, por políticos sem escrúpulos o crescimento económico ou não é viável ou nunca gerará justiça social pois é conseguido de forma oportunista, como se tem tentado nos últimos três anos com o sucesso que se tem visto.
  
As principais causas do nosso subdesenvolvimento há muitas décadas que não estão na economia, primeiro durante a ditadura e agora com uma democracia permeável à corrupção, oportunismo e incompetência o que nos impede de crescer não é nem o factor capital, nem o factor trabalho, é o factor político.

É neste contexto miserável que Passos Coelho e Seguro defendem que a justiça social implica que os trabalhadores trabalhem mais e com menos direitos para promoverem o crescimento em troca do qual os políticos da altura talvez cumpram as promessas que eles fazem agora. Só podem estar a gozar mais uma vez com os portugueses.

Do Blog O Jumento



Nota  

 - Como sempre, quando não há pão todos ralham , barafustam e todos têm razão. Parece que entre aquilo que temos de Recitas e o que temos de Despesas há ainda uma diferença de 10 mil milhões e isto faz toda a diferença. 
Temos que jogar nos dois pratos da balança fazendo crescer a Receita e diminuir as Despesa sem comprometer a primeira.
É uma terrível equação que faz com que António Costa na sua campanha não faça promessas e muito menos demagógicas e popularuchas como o Tó Zero, desculpem, o Tó Zé Seguro.
Ele não é, de certeza, o homem para esta equação.

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