Não há volta a dar-lhe. Um português da minha geração, e eu refiro este aspecto porque me apercebo das grandes diferenças entre gerações que tenho alguma dificuldade em meter tudo no mesmo caldeirão.
Mas salvaguardando este aspecto, dizia
eu, que um português “sente” pelo Brasil o que não “sente” por qualquer outro
país.
A língua é um enorme factor de unidade
ou de aproximação, lá dizia Fernando Pessoa que "a minha língua é a minha pátria" mas também encontramos a nossa língua em Angola e Moçambique e já não é a mesma
coisa.
Estive 3 anos em Moçambique, celebrei com eles o dia da sua independência, 27 meses em
Angola onde fiz a guerra mas também a paz entre os meus amigos Luenas, e 15 ou 20 dias no Brasil, mais concretamente na cidade de João Pessoa, onde o meu falecido sobrinho tinha uma casa.
A diferença, é que não tenho com um angolano ou com
um moçambicano, e conheci nesses países pessoas de quem gostei muito e que
gostaram de mim, as afinidades culturais, marca que vem das minhas raízes que
foi transportada nos navios, que levaram com eles a essência daqui lo que éramos como povo, simples nas suas
características mas incapazes de se resignarem a morrer na sua terra nem que para
isso fosse preciso navegar, enfrentar o desconhecido, fazer como tinham feito
os seus antepassados, os de “ontem” e os remotos numa história que começou no
início da actividade.
É verdade que eu digo a mim próprio que
não tenho nada a ver com o que se passa no Brasil mas isso é apenas uma “verdade
de La Palisse ”
porque “cá dentro” faço força no desejo de dispor de um voto que pudesse
depositar numa urna de voto.
Portanto, como não há urna nem voto, vou
apenas abrir a alma e dizer de quem gosto de acordo com a minha maneira de
gostar das pessoas.
Gostei muito do Lula da Silva que
começou a vida a engraxar sapatos, chegou a líder sindical e a Presidente com a
humildade e a sensibilidade exclusiva das pessoas excepcionalmente inteligentes
que percebia mais do mundo e dos seus irmãos brasileiros do que de economia e
finanças.
Depois veio a Dilma com o seu mérito
indiscutível mas fortemente apoiada por Lula que fez dela a sua sucessora na
presidência.
Agora temos a Marina, com os seus 10 irmãos, que se alfabetizou aos 16 anos mas que sempre soube fazer contas de multiplicar
para não se deixar enganar pelos comerciantes que lhe compravam o látex.
Um dia abraçou uma árvore para impedir
que a destruíssem porque dela dependia a sua vida e de todos os seringueiros
que com ela, ainda criança, se levantavam às 4 da manhã para colocarem os recipientes
que recolhiam ao fim do dia com a seiva da árvore, o famoso látex, matéria prima
da borracha.
Não sei se isto constitui algum “capital”
importante para o exercício da actividade de Presidente de um país mas ao ponto
a que o mundo chegou, abraçar uma árvore pode ser o gesto simbólico para salvar
mais do que o Brasil, o próprio mundo.
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