António Costa, o novo líder do PS |
O Novo Líder
António José Seguro, como líder político, era um “erro de casting”. Chegou a secretário-geral em grande parte fruto das circunstâncias, apoderou-se de duas vitórias que não foram dele: uma foi dos autarcas, a outra dos candidatos ao Parlamento Europeu e confundiu uma pequena vitória com uma grande vitória.
Para
ser líder político não basta parecer boa pessoa, afável, simpático, incapaz de
desonestidades e desejar muito sê-lo, como Seguro desejou.
Não
se pode misturar um discurso de “choramingas” com um de animal feroz para
querer parecer um chefe.
Na
guerra, nenhum soldado entrega a sua vida a um comandante que passasse a vida a
chorar-se e a queixar-se do inimigo...
António
José Seguro acabou por escrever direito por linhas tortas. Inventou as primárias
para adiar o mais possível o confronto com António Costa esperando que o tempo
e as “peixeiradas” lhe fossem favoráveis.
Ao
contrário, veio ao de cima a sua falta de qualidade de líder que era real. Ficou-lhe
a “glória” de ter introduzido a consulta directa entre militantes e
simpatizantes para escolha do líder no partido num processo, que sendo doloroso,
acabou por correr bem.
Para
mim, o processo não colhe. Um líder partidário deve ser escolhido pelos órgãos próprios
do partido porque ninguém melhor que os camaradas ou colegas, conhece os
atributos do mais apto que apresenta melhor programa, ideias e apoios. É
obrigação do partido saber organizar-se para fazer internamente essa escolha.
António
José Seguro decidiu demitir-se e regressar à sua condição de militante de base.
Tendo sido ele a ditar as condições do combate, perdendo-o estrondosamente, não
lhe restava outra alternativa. Não houve nesta decisão qualquer mérito, tudo o
que não fosse isso seria o ridículo político.
Finalmente,
antes de encerrar o capítulo Tó Zé, dizer apenas que o voto da “afectividade”,
fruto do populismo e demagogia, só funcionou entre os seus conterrâneos da
Guarda, que ele publicitou ao máximo na sua campanha e mesmo aí com uma
percentagem de votos inferior àquela com que perdeu a nível nacional.
Passemos
a António Costa que começou por dizer, ainda nos debates, que ser poder na
actual situação do país não é nenhum prémio e só se deseja por uma questão de
sentido de responsabilidade cívica de alguém que está na política desde os 14
anos, sempre no seu partido socialista, e correspondendo a um forte apelo dos
seus concidadãos.
António
costa não é milagreiro nem se apresentou como tal. Ele sabe que a margem para a
saída do país da actual crise é muito estreita e prolongada.
Para
ele e para qualquer outro governante deste país que chegou à situação em que se
encontra, numa Europa de que faz parte e depende, comandada por uma Alemanha que
se mantém fiel aos ditames da austeridade financeira. (Veja-se o que se, passa
agora com a França incapaz de cumprir o seus deficits).
Com
ele, nenhum desses factores condicionantes de natureza financeira se vai
alterar: nem o montante da dívida, dos juros, ou dos limites do deficit orçamental, mas há muitas outras pequenas
coisas que podem mudar, algumas delas já anunciadas por António Costa e a mais
importante de todas, para mim, é da mobilização dos portugueses com base numa
nova esperança no futuro.
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