O Brasil está confrontado e dividido
entre duas mulheres, Dilma e Marina o que significa que o feminino emerge em
força numa sociedade que nas suas raízes históricas recentes teve uma
predominância de homens que mandavam em todos os sectores da sociedade a
começar pelo da família.
Duas mulheres com carisma político e
humano, ambas com uma vida rica de experiências, personalidades fortes e
marcantes, defrontam-se entre si naquela que deveria ter sido uma luta
homem/mulher que o aleatório da vida não permitiu.
Talvez o povo brasileiro tenha percebido
nas mulheres uma sensibilidade e inteligência que o reconforta e tranqui liza mais que os homens que fervem em pouca água.
No fundo, as mulheres foram as mães e se
na vida das aparências os homens é que sempre mandaram, todos nos lembramos de
que em pequeninos, era delas o amparo, os conselhos, as recomendações, os
afagos e o próprio governo da casa descansava sobre elas, as mulheres, as
nossas mães.
Dilma apareceu na política ao mais alto
nível pela mão de Lula da Silva, líder carismático dos trabalhadores e das
classes pobres e esse apoio catapultou-a para o poder cuja experiência de
governação representa agora também um trunfo.
Marina tem um passado de sobrevivente
onde todas as capacidades foram testadas e do qual saíu vitoriosa. É uma
personalidade sedutora, conhece a vida dos mais pobres e desprotegidos aos
quais também pertenceu e com os quais hoje se identifica com toda a
legitimidade.
É uma defensora da natureza o que, no
Brasil, a coloca no centro de ferozes interêsses instalados mas do lado dos
mais fracos, dos que desesperadamente exigem o cumprimento dos direitos dos índios,
do respeito pela selva amazónica e pela repartição da propriedade da terra de
forma mais justa.
O combate agora está na fase do
confronto das sondagens, dos pormenores da política, dos visuais, do gesto, do "tira os óculos" e "põe os óculos", dos
discursos, porque nestas “guerras” a palavra é muito importante e o povo
brasileiro é muito sensível a ela.
Recordo aquele Presidente da República
de Portugal, António José de Almeida, que ficou para a história como o maior
orador dos tempos da República e que foi convidado oficial para o 1º Centenário
da Independência do Brasil, a 7 de Setembro de 1922.
Empolgou de tal maneira os brasileiros
com o seu discurso que um deles, entusiasmado, gritou: - “este homem tem o meu
voto”... ou não fôssemos nós, no dizer de Woody Allen, "animais falantes".
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