quarta-feira, setembro 03, 2014

AS DUAS MULHERES












O Brasil está confrontado e dividido entre duas mulheres, Dilma e Marina o que significa que o feminino emerge em força numa sociedade que nas suas raízes históricas recentes teve uma predominância de homens que mandavam em todos os sectores da sociedade a começar pelo da família.

Duas mulheres com carisma político e humano, ambas com uma vida rica de experiências, personalidades fortes e marcantes, defrontam-se entre si naquela que deveria ter sido uma luta homem/mulher que o aleatório da vida não permitiu.

Talvez o povo brasileiro tenha percebido nas mulheres uma sensibilidade e inteligência que o reconforta e tranquiliza mais que os homens que fervem em pouca água.

No fundo, as mulheres foram as mães e se na vida das aparências os homens é que sempre mandaram, todos nos lembramos de que em pequeninos, era delas o amparo, os conselhos, as recomendações, os afagos e o próprio governo da casa descansava sobre elas, as mulheres, as nossas mães.

Dilma apareceu na política ao mais alto nível pela mão de Lula da Silva, líder carismático dos trabalhadores e das classes pobres e esse apoio catapultou-a para o poder cuja experiência de governação representa agora também um trunfo.

Marina tem um passado de sobrevivente onde todas as capacidades foram testadas e do qual saíu vitoriosa. É uma personalidade sedutora, conhece a vida dos mais pobres e desprotegidos aos quais também pertenceu e com os quais hoje se identifica com toda a legitimidade.

É uma defensora da natureza o que, no Brasil, a coloca no centro de ferozes interêsses instalados mas do lado dos mais fracos, dos que desesperadamente exigem o cumprimento dos direitos dos índios, do respeito pela selva amazónica e pela repartição da propriedade da terra de forma mais justa.

O combate agora está na fase do confronto das sondagens, dos pormenores da política, dos visuais, do gesto, do "tira os óculos" e "põe os óculos", dos discursos, porque nestas “guerras” a palavra é muito importante e o povo brasileiro é muito sensível a ela.

Recordo aquele Presidente da República de Portugal, António José de Almeida, que ficou para a história como o maior orador dos tempos da República e que foi convidado oficial para o 1º Centenário da Independência do Brasil, a 7 de Setembro de 1922.

Empolgou de tal maneira os brasileiros com o seu discurso que um deles, entusiasmado, gritou: -  “este homem tem o meu voto”... ou não fôssemos nós, no dizer de Woody Allen, "animais falantes".

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