terça-feira, setembro 30, 2014

Leonard Boff
           e

Marina Silva













Há três dias atrás, a 26, postei aqui um texto sobre as duas candidatas à Presidência do Brasil com o propósito de chamar a atenção, inclusive a mim próprio, sobre uma faceta que desconhecia sobre a candidata Marina Silva e que me pôs de sobreaviso.

A sua conversão à Igreja da Assembleia de Deus, cujo líder é um tal Malafaia - (pastor pentecostal, líder do ministérioVitória em Cristo, ligado à Assembleia de Deus também televangelista) -  que funciona como um "Papa" a quem Marina Silva obedece de maneira fundamentalista na qualidade de sua missionária.

Isto, fiquei eu a saber pela boca de Leonard Boff, um dos mais respeitados intelectuais do Brasil, teólogo, escritor e professor universitário, expoente máximo da Teologia da Libertação que tanto irritou a Igreja Católica do Papa em Roma.

Ele conhece Marina Silva desde os tempos em que ela actuava no Acre (uma das 27 unidades federativas do Brasil que se localiza na Região Norte e faz fronteira com o Amazonas a Norte e a Rondónia a Leste) e estava, então muito ligada à Teologia da Libertação.

Leonardo Boff, em 2010, chegou a sonhar que ela pudesse ser uma representante dos povos da floresta, dos caboclos, dos ribeirinhos, dos indígenas, dos peões vivendo em situação análoga à da escravidão.

“Mas hoje, não. Está ficando cada vez mais claro que Marina tem um projecto pessoal de ser Presidente custe o que custar”. Isto disse Leonardo Boff numa entrevista exclusiva ao Viomundo.

“Ela acolheu plenamente o receituário neoliberal. Ela o diz com certo orgulho inconsciente do que isso realmente significa: mercado livre, redução de gastos públicos (menos médicos, menos professores, menos agentes sociais, etc...) e em consequência diminuição dos salários, desemprego, fome nas famílias pobres e mortes evitáveis, tudo sob o título genérico “austeridade fiscal” que está afundando as economias do euro.

Reconheceu no seu programa de governo a união homoafectiva mas bastou o pastor Silas Malafaia – o “Papa” da sua Igreja tuitar quatro frases para ela voltar atrás.

Noutra ocasião, chegou a declarar que um dos seus objectivos é tirar o PT do poder, o que faz supor mágoas não digeridas contra o partido que ajudou a fundar.

Pessoalmente, diz Leonardo Boff, “estimo a sua inteireza, a visão espiritualista (abstraindo o fundamentalismo), sua busca ética de tudo o que faz. O que eu questiono é o actor político. Não tem inteligência política para fazer as alianças certas.

O Presidente do Brasil deve ser uma pessoa de síntese, capaz de equilibrar os interesses e resolver conflitos para que não sejam danosos e chegar a soluções de ganha-ganha, habilidade que sobrava a Lula da Silva. Marina, por causa do seu fundamentalismo, não é pessoa de síntese mas de divisão.”

Entretanto, Lula da Silva, pessoa da confiança dos brasileiros, percebendo o risco, envolveu-se na campanha e Dilma Rousseff, de imediato, distanciou-se nas sondagens da sua rival com hipóteses, inclusive, de uma vitória à primeira volta.

Mais uma vez, as religiões se revelam perigosos instrumentos do poder e hoje, alertados por esse exército de criminosos que se mostram ao mundo cortando cabeças em nome de um deus chamado Alá, todos os cuidados são poucos.

Vi hoje no jornal que Dilma Rousseff segue com 40,4% dos votos contra 25,2% de Marina e 19,8% de Aécio Neves ,o que significa que os brasileiros não trocam o conhecido pela aventura do "desconhecido lançado nos braços do pastor Silas Malafaia".

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