Miguel Macedo, ex-ministro da Administração Interna |
Uns demitem-se,
Outros não
A polícia prende a polícia, o ministro demite-se e eu, como cidadão, sinto-me reconfortado porque as instituições do Estado de Direito a que pertenço funcionaram.
Há treze anos atrás caiu a ponte de
Entre-Os-Rios, Hinze Ribeiro, no Norte de Portugal, morreram 59 pessoas e o
ministro que tutelava as pontes, Jorge Coelho, do Partido Socialista,
demitiu-se.
Se Miguel Macedo está inocente relativamente
às irregularidades que aconteceram com os Vistos Golden, Jorge Coelho estaria
muito mais relativamente à tragédia da ponte. Não obstante, demitiu-se como
sinal de que os respectivos ministros devem tomar a iniciativa de deixar os
cargos quando ocorrências graves sucedem no âmbito dos seus ministérios.
No ano em curso, a colocação de professores a
tempo e horas para o início do Ano Lectivo correu da pior maneira com
consequências graves e caricatas para dezenas de professores e centenas de
alunos e familiares e o respectivo Ministro em vez de se demitir pediu
desculpas ao país.
Na Justiça, o Sistema Informático colapsou.
Milhões de processos “desapareceram” durante semanas – decidiu-se até um
prolongamento dos prazos de prescrição - tendo a ministra acusado dois técnicos
de sabotagem, logo inocentados pelo Ministério Público.
Em vez de pedir desculpa aos técnicos
injustamente acusados, pediu desculpas ao país, também ela, mas recusou assumir
a responsabilidade política não se demitindo.
Quatro casos diferentes com reacções
diferentes, dois num sentido e os outros dois noutro.
Isto quer dizer que a democracia e o exercício
do poder não é vivido da mesma maneira pelos respectivos protagonistas.
A avaliação das situações para uma tomada de
decisão deste género não tem a ver com as qualidades dos ministros funcionando,
até, em sentido contrário.
Ora reparem:
Ora reparem:
- Jorge Coelho e Miguel Macedo que se demitiram
eram dos melhores ministros dos governos em que participaram.
- Nuno Crato, na Educação e Paula Teixeira da
Cruz na Justiça são ministros remodeláveis no actual governo.
Parece que a decisão tem a ver com a
personalidade e qualidade política dos
respectivos ministros.
Jorge Coelho e Miguel Macedo são, nos
respectivos partidos, políticos prestigiados e olhados por militantes e
quadros como potenciais futuros líderes se o qui serem.
Relativamente a Nuno Crato e a Paula Teixeira
da Cruz isso jamais acontecerá.
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