Este é o medo f instintivo, "pai" do outro, feito sentido de responsabilidade |
de
responsabilidade
no futuro
Hans Jonas é um inimigo radical das utopias, que viam o mundo em que tudo era possível e nada estava escrito. A brutal experiência da bomba atómica, da poluição do meio ambiente e do Holocausto, demonstram que, moralmente, a utopia pode acabar sendo a justificação para o assassinato em larga escala e a destruição do planeta.
A Utopia dizia aos
homens "Você pode fazê-lo e, como você pode, você deve".
A
responsabilidade requer o cálculo de risco e, na dúvida de que algo pode dar
errado, é melhor não. O imperativo ético que é proposto por Jonas arranca do
medo ou, para usar as suas palavras, a "heurística do medo", que é
uma mistura de respeito com medo.
É o medo das consequências irreversíveis do
progresso (modificação genética, a destruição do habitat), que nos obriga a
agir de forma responsável e o motor que nos impulsiona é a ameaça que paira
sobre a vida futura.
O medo é um
sentimento negativo, mas dessa negatividade pode sair algo de positivo:
constatando que o planeta está em perigo e que a causa desse perigo é o poder
do ser humano, possuidor de uma técnica que corre o risco de se tornar anónima
e autónoma, deve ser prestada mais atenção à profecia de miséria do que à
utopia da felicidade e agir em conformidade, levando a sério a ameaça que paira sobre o futuro da
humanidade e nos convida a agir responsavelmente.
NOTA - O medo como mecanismo de responsabilidade foi o instrumento que nos foi inculcado para preservarmos a nossa vida. O medo e a dor são avisadores de que há um perigo que nos ameaça.
Hoje podemos fazer demasiadas coisas, só o medo nos tem travado. Não foi pelo medo que a guerra fria acabou?
As cada vez mais acentuadas desigualdades sociais deviam fazer-nos temer confrontos graves destruidores da humanidade ou pelo menos da nossa civilização.
É preciso que o medo funcione.
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