É
uma pena o Presidente que temos e eu estou à vontade para me queixar porque
nunca votei neste homem para coisa nenhuma, embora ele se tenha sabido “vender”
aos portugueses como o de maior confiança a merecer em quatro vezes estar à
frente dos nossos destinos, primeiro como chefe do governo e mais tarde como
Presidente da República.
Costuma
dizer-se que “o povo é sábio” e talvez isto fosse verdade quando não havia
tanta manipulação mas, com ela ou sem ela, pode dizer-se que a insistência na sua
escolha reflecte aqui lo que somos
colectivamente na nossa capacidade de avaliação crítica em resultado de uma
profunda e generalizada convicção religiosa que tolheu os espíritos e os
manteve agarrados a dogmas difíceis de ultrapassar, sendo certo que a abertura
trazida pela “revolução dos cravos” foi mais traumatizante do que esclarecedora
e convincente.
Esta
nova geração, a dos meus netos, está felizmente fora deste cenário da pressão
religiosa e de analfabetismo, mas debate-se com questões de sobrevivência de um
estilo de vida que lhes foi prometido e apontado por uma sociedade de consumo
que os quer no mercado com poder de compra para que a “máqui na”
possa continuar a funcionar.
Cavaco
Silva teve na sua vida de político uma única e grande preocupação: defender dissimuladamente
os seus interesses e os da família, objectivo que estando certo para o cidadão
comum não deve ser o guia de um político que conduz os destinos de um país.
Claro
que a história o vai julgar naquele distanciamento que inclui o futuro que
agora desconhecemos, mas a vida faz-se com o presente e é o “agora” que interessa
para desenhar o tal futuro que seja o melhor para o país e não para o senhor
Cavaco e sua família.
E
olhando agora para a situação em que nos encontramos a sensação que eu tenho,
após a eleição do Secretário-Geral do Partido Socialista e a aprovação do
Orçamento de Estado para 2015 é que vamos ficar numa espécie de ante-câmara de
um novo governo que só chegará lá para o fim do próximo ano, num compasso de
espera que faz lembrar o ditado muito conhecido de que “nem o pai morre nem a
gente almoça”.
Os
tempos dos próximos anos que se aproximam vão exigir uma grande qualidade política
e alguns consensos sobre aspectos fundamentais porque estamos confrontados com
uma realidade financeira asfixiante numa crise económica nacional e europeia
que representam, no todo, o maior desafio que já vivemos ao nível da nação que
somos e do espaço europeu que é também o nosso.
Seria
importante que esta ante-câmara em que o país vai entrar em 2015, livre do
Ricardo Salgado que era o “dono disto tudo” e com o fenómeno da corrupção em
grande contenção – os tempos que correm não são bons para ela – fosse diminuída
com eleições legislativas mais cedo.
Cavaco
Silva já disse que o governo irá até ao fim do prazo porque ele não faz avaliações
políticas para além daquelas que são as suas “almofadas de conforto”, como
agora se diz, e todos nós temos já obrigação de o conhecer suficientemente para
sabermos que é assim.
Sem
conhecer o resultado das próximas eleições iremos viver de conjecturas que serão
uma autêntica perda de tempo com uma política de “bate-papo” que se vai basear
nos ses. Se António Costa ganhar... se não tiver maioria absoluta... se os
partidos da coligação ganharem com maioria... sem maioria... enfim, irá haver
ensaios para todos os gostos.
Entretanto,
o Sr. do Palácio de Belém, no seu papel de múmia paralítica, assistirá com o
seu ar seráfico, próprio das múmias, que o tem acompanhado e com o qual se tem
dado muito bem, aguardando o seu momento de passagem a uma reforma dourada que
se aproxima a passos rápidos.
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