Largo do Seminário em Santarém |
HOJE É DOMINGO
(Na minha cidade de Santarém
em 28/12/2014)
O fim dos anos é momento de balanços, de
avaliações, de previsões para o ano seguinte e o nosso 1º Ministro, preparando
já as eleições do próximo ano, traçou cenários muito optimistas mas os
portugueses, penso eu, já não se entusiasmam, há um enorme desgaste na sua
resistência.
Nesta altura pedem que os deixem em paz
para carregarem baterias com a família neste período cada vez mais de reencontro
com os que partiram, muitos deles recentemente, convidados exactamente pelo
chefe do governo.
Os portugueses têm uma imensa capacidade
de conformação muito mais do que gregos ou espanhóis porque o seu passado histórico
preparou-os para uma alternativa muito simples: se conseguirem sobreviver cá
dentro muito bem, no caso contrário emigram.
Para quê distúrbios, protestos inflamados, montras
partidas, caixotes do lixo incendiados?
Os portugueses nunca esperaram muito da vida, nunca alimentaram grandes ambições, que ficaram para os ricos que nascem com tudo a seu favor e se podem dar a esses luxos como se comprova com o aumento das desigualdades que se verificam no país.
Os portugueses nunca esperaram muito da vida, nunca alimentaram grandes ambições, que ficaram para os ricos que nascem com tudo a seu favor e se podem dar a esses luxos como se comprova com o aumento das desigualdades que se verificam no país.
Há 40 anos os militares fizeram um levantamento de
tropas cansadas que estavam daquela guerra sem fim lá em África. O povo aderiu e foi
uma festa no país com a ajuda de muita gente bem intencionada mas a pouco e
pouco as esperanças, com alguns altos e baixos, estão agora pelas ruas da
amargura.
Convém dizer, no entanto, por amor à verdade, que
apesar das bancas rotas que tivemos pelo caminho o país hoje não tem nada a ver
com o que era antes de 1974.
Nós somos bons a fazer obras, algumas a fazer
lembrar o faraónico ou o novo – riqui smo
mas somos péssimos a lançar raízes que frutifiquem no futuro.
Carregamos os mesmos defeitos, não aprendemos com
os erros, mantemos os vícios e entregamo-nos nas mãos de gente desonesta que
nos atrapalha o dia de amanhã.
Vejam o que se passou neste final de ano com a família
Espírito Santo e à vergonha que foram os seus testemunhos na Comissão de Inquérito
Parlamentar a que as pessoas assistiram atónitas na televisão.
Não, não digam que é incompetência com azar à
mistura porque não é. Eles querem fazer passar essa mensagem porque a incompetência
não se pune, não dá prisão.
Tudo aqui lo
foi desonestidade não pura e simples mas pura e complexa que vai levar muito
tempo a investigar arrastando-se pelos tribunais.
Daqui
por um ano perguntaremos: como está o caso do Ricardo Salgado?
Esta gente conta com isto, todo o sistema de
justiça os protege porque os instrumentos de defesa para quem tem recursos financeiros
ilimitados quase que nunca acaba.
Não esqueçamos que os homens que fizeram estas
leis, desde os prazos de prescrição, passando pela lista interminável de
testemunhas abonatórias, aos recursos sem fim, fazem parte de esquemas que lhes
foram ditados pelos senhores do poder económico e financeiro de quem eles
dependiam.
A propósito dos submarinos há um indivíduo que na
Alemanha é condenado por corrupção enquanto que aqui ,
findo o negócio, se distribuíam, calmamente, milhões por cada membro da família
Espírito Santo naquele velho estilo de pataca a ti, pataca a mim ou melhor,
milhão a mim, milhão a ti e os portugueses no fim a pagarem.
Até quando isto vai durar?
Até quando isto vai durar?
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