Porque razão, depois de cinco anos de austeridade, a
Dívida Pública continua a aumentar nos países intervencionados e a deflação se estende
hoje, como um manto gelado, por toda a Europa?
O grande mérito da vitória do Sirysa na Grécia será a de
colocar esta pergunta crucial em cima da mesa dos líderes europeus.
A receita da austeridade foi constituída por privatizações,
despedimentos, baixa de salários e desmantelamento ou diminuição dos sistemas
de protecção social, como resultado de negociações impostas aos países “encostados
à parede” por falta de dinheiro para satisfazerem as mais elementares
necessidades do Estado.
Mas para onde foi o grosso do dinheiro, no caso da Grécia,
250 mil milhões entre resgates e perdão de dívida?
- Apenas 10% foi para Despesa Pública, O resto foi usado
para transferir dívida dos Bancos e do sector financeiro para o sector oficial,
incluindo o FMI. O dinheiro rodava por outros lados...
Ou seja, o povo que suportou os sacrifícios, 25% em
desemprego e 65% em desemprego jovem, passou à margem dos benefícios que
deveriam ter resultado da entrada de tanto dinheiro.
Este clima de queda generalizada dos preços em que a
Europa vive, incluindo a Alemanha que já entrou em deflação, pode tornar pouco útil
esta medida do BCE de Mário Draghi porque se não há expectativas de vendas com
lucros a economia pouco mexe porque os investidores, mesmo tendo dinheiro, não
têm estímulos para investir.
No EUA, outra economia de mercado como a europeia, mas com
políticas económicas diferentes tem outros resultados dado que não obedece a
políticas orçamentais restritivas que funcionam como espartilhos.
Mário Draghi põe o dedo na ferida quando diz que pode
mexer na Política Monetária mas nada pode fazer com a Política Orçamental que
compete aos governos.
Entretanto, há toda uma população europeia, porque a
austeridade não faz sentir os efeitos só na Grécia e em Portugal, que remoem
dentro de si as dificuldades porque passam e que estão na base da adesão aos
nacionalismos que podem fazer implodir o projecto europeu a atender aos sinais que se fazem sentir.
A Frau Merkel e todos os líderes europeus têm que tentar
responder à pergunta inicial numa perspectiva que vá ao encontro dos
verdadeiros interesses das economias que produzem riqueza e dão emprego às
pessoas.
Não podemos viver para cumprir uma meta orçamental sob
pena de não vivermos.
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