quinta-feira, janeiro 29, 2015

Ele sente-se um revolucionário
Alexis Tsipras 

– O Revolucionário











Tenho lido e ouvido descrições do que é, neste momento, a situação dos gregos. Dramática, a roçar os limites da sobrevivência em centenas de milhar de casos com a agravante de que muitas dessas pessoas não têm na sua vida experiência de sem pobres.

Vêm da classe média, são instruídas, tinham um emprego, normalmente nos Serviços e caíram, progressivamente, numa situação de total desamparo, sobrevivendo da caridade social.

Não têm dinheiro para nada, andam a pé, comem uma refeição por dia numa instituição de apoio social que ontem servia quarenta e tal almoços e hoje quatrocentos e muitos de pior qualidade que os outros.

Na casa em que vivem, que é delas e onde se mantêm porque, felizmente, uma lei não as deixa penhorar, já não têm luz eléctrica cortada há muito por falta de pagamento. Substitui-a uma vela comprada com a ajuda de alguns amigos dos tempos em que tinham emprego.

Nas suas vidas não há nada, já não são novos, falta-lhes experiencia na pobreza, estímulos para lutar, em boa verdade não sabem, a verdadeira vontade é deixarem-se morrer.

As pessoas à volta são como fantasmas, ou serão elas? - cinzentas, indiferentes, irreais. A sociedade faliu, a família ignora-as porque também não as pode ajudar, nas suas dificuldades cresce o egoísmo.

No passado, o seu povo contribuiu com a maior das dádivas para a humanidade: o pensamento científico e a democracia e elas sabem-no e por isso sentem orgulho, por isso mais lhes dói a situação em que se encontram.

Alexis Tsipras chega ao poder e sente a raiva escondida pelas humilhações de todos aqueles, que sendo gregos como ele, roubaram e enganaram os compatriotas colaborando com os estrangeiros em actos de pura espoliação. Os gregos das elites, os que usam gravata, a mesma gravata que ele recusou pôr no acto da posse...

O país está como que a saque, os governantes que eles substituíram até os sabonetes das casas de banho levaram...

Ele é engenheiro mas, mesmo analfabeto que fosse, sabe que uma impossibilidade elementar da vida em sociedade é de que não se pode dar o que não se tem, distribuir uma riqueza que não existe, que não é produzida em quantidade suficiente, mas olha à sua volta e não consegue resistir aos concidadãos maltratados, de mão estendida para ele, uma réstia de esperança...

Sente-se credor da Europa, da Alemanha, do mundo, sente-se revoltado... sente-se revolucionário.

A Europa criou no seu seio um grave problema. Ela própria é um problema.

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