Muito se tem escrito sobre ela |
Maria Madalena
Uma religião machista e
assexuada como a Cristã terá querido apagar da vida de Jesus da Nazaré o papel desta mulher com a importância que ela teve. Se os Evangelhos, todos eles, incluindo os apócrifos, não reconhecidos oficialmente, para além dos quatro escolhidos pelos bispos de então, como os verdadeiros, são documentos históricos com alguma autenticidade, então percebe-se que Maria Madalena, no grupo de pessoas que acompanhavam Jesus, era factor de alguns ciúmes pela preferência que, naturalmente, ele lhe dava.
Entre
os evangelhos apócrifos encontra-se também o "Evangelho de Maria
Madalena", com fragmentos como este que expressa bem o protagonismo desta
mulher e a reacção que a sua proximidade a Jesus provocava entre os discípulos
do sexo masculino: digo que a tudo isto Maria calou, como se o Salvador lhe
tivesse falado só a ela até ao momento.
Então, disse André:
-
“Irmãos, o que acham sobre isto? Porque eu, pela minha parte, não acho bem que
o Salvador tenha falado. Isso não está de acordo com o seu pensamento".
Diz
Pedro:
- "Mas,
perguntem ao Senhor por essas questões, se ele iria conversar com uma mulher
secretamente e em segredo para todo mundo ouvir? Devemos escutá-la? Acaso ele
quer apresentá-la como mais dignidade do que nós?
Então
Maria chorou e disse a Pedro: -
"Meu irmão Pedro, o que tu achas? Pensas
que eu inventei isto do meu próprio coração ou que estou mentindo sobre o
Salvador?
Levi
disse a Pedro:
-
"Tu sempre vês o mal em todo o lado, e agora mesmo discutes e
confrontas-te com esta mulher. Se o Salvador a julgou digna, quem és tu para a
desprezar? De qualquer forma, ele a viu e, sem dúvida, a amou mais do que a
nós. Devemos envergonhar-nos e tentarmos ser prefeitos para cumprir o que nos
foi ordenado. Preguemos o evangelho sem restrição ou regulamentação, como disse
o Salvador."
Tendo
terminado com estas palavras, Levi se foi a pregar o Evangelho de Maria
“A DISCÍPULA AMADA”
Que
Maria Madalena seja a autora do Quarto Evangelho e que o “discípulo amado”,
várias vezes citado no texto não seja João, mas Maria Madalena, é a teoria
desenvolvida pelo padre católico Ramon K. Jusino baseado num livro do teólogo
católico e estudioso bíblico Raymond E.Brown, que argumenta que o Evangelho
retoma a tradição de uma primeira comunidade de seguidores de Jesus liderada
por Maria Madalena.
Ambos, Brown e
Jusino alimentam as suas hipóteses sobre textos dos evangelhos apócrifos.
Veja:
Raymond Brown "A comunidade do discípulo amado: um estudo da eclesiologia
Johnny" (Ediciones Siga-me, Salamanca, 2005).
Maria
Madalena nos Evangelhos Apócrifos
Os
quatro evangelhos do Novo Testamento integraram as histórias que foram
inicialmente transmitidas oralmente. Depois foram colocadas por escrito.
Outros
"Evangelhos" (recompilações da mensagem e vida de Jesus de Nazaré)
tiveram a mesma evolução. Em 1945, foi descoberto em Nag Hammadi (Egito)
uma extensa colecção de antigos manuscritos cristãos, na sua maioria textos
gnósticos ("gnose" conhecimento sentido), incluindo os chamados
evangelhos apócrifos ("apócrifos", isto é, não reconhecidos pelos
canones oficiais).
Nestes
textos, rejeitados pelos Padres da Igreja nos primeiros séculos cristãos, por
não serem "ortodoxos" (isto é, autênticos, recomendáveis), Maria
Madalena é uma figura mais proeminente do que nos Evangelhos sinópticos.
No
"Evangelho de Filipe" é referida como "companheira" de
Jesus: “Três eram os que continuamente caminhavam com o Senhor: Maria, sua mãe,
a irmã desta e Madalena, que era designada como seu companheira.” Noutro
fragmento do mesmo Evangelho, lê-se:
-
“E a companheira do Salvador é Maria Madalena. Ele a amava mais do que a
qualquer outro dos seus seguidores e a beijava na boca. O resto de seus
seguidores viam-no amar Maria. Eles lhe disseram: "Por que a amas mais do
que a qualquer um de nós?”
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