segunda-feira, fevereiro 16, 2015

Muito se tem escrito sobre ela
Maria Madalena



















Uma religião machista e assexuada como a Cristã terá querido apagar da vida de Jesus da Nazaré o papel desta mulher com a importância que ela teve. Se os Evangelhos, todos eles, incluindo os apócrifos, não reconhecidos oficialmente, para além dos quatro escolhidos pelos bispos de então, como os verdadeiros, são documentos históricos com alguma autenticidade, então percebe-se que Maria Madalena, no grupo de pessoas que acompanhavam Jesus, era factor de alguns ciúmes pela preferência que, naturalmente, ele lhe dava.

 Entre os evangelhos apócrifos encontra-se também o "Evangelho de Maria Madalena", com fragmentos como este que expressa bem o protagonismo desta mulher e a reacção que a sua proximidade a Jesus provocava entre os discípulos do sexo masculino: digo que a tudo isto Maria calou, como se o Salvador lhe tivesse falado só a ela até ao momento.

 Então, disse André:


- “Irmãos, o que acham sobre isto? Porque eu, pela minha parte, não acho bem que o Salvador tenha falado. Isso não está de acordo com o seu pensamento".

 Diz  Pedro:


 - "Mas, perguntem ao Senhor por essas questões, se ele iria conversar com uma mulher secretamente e em segredo para todo mundo ouvir? Devemos escutá-la? Acaso ele quer apresentá-la como mais dignidade do que nós?

Então Maria chorou e disse a Pedro: -

 "Meu irmão Pedro, o que tu achas? Pensas que eu inventei isto do meu próprio coração ou que estou mentindo sobre o Salvador?

Levi disse a Pedro:

- "Tu sempre vês o mal em todo o lado, e agora mesmo discutes e confrontas-te com esta mulher. Se o Salvador a julgou digna, quem és tu para a desprezar? De qualquer forma, ele a viu e, sem dúvida, a amou mais do que a nós. Devemos envergonhar-nos e tentarmos ser prefeitos para cumprir o que nos foi ordenado. Preguemos o evangelho sem restrição ou regulamentação, como disse o Salvador."

Tendo terminado com estas palavras, Levi se foi a pregar o Evangelho de Maria

“A DISCÍPULA AMADA”
Que Maria Madalena seja a autora do Quarto Evangelho e que o “discípulo amado”, várias vezes citado no texto não seja João, mas Maria Madalena, é a teoria desenvolvida pelo padre católico Ramon K. Jusino baseado num livro do teólogo católico e estudioso bíblico Raymond E.Brown, que argumenta que o Evangelho retoma a tradição de uma primeira comunidade de seguidores de Jesus liderada por Maria Madalena.
 Ambos, Brown e Jusino alimentam as suas hipóteses sobre textos dos evangelhos apócrifos.
Veja: Raymond Brown "A comunidade do discípulo amado: um estudo da eclesiologia Johnny" (Ediciones Siga-me, Salamanca, 2005).

Maria Madalena nos Evangelhos Apócrifos
 Os quatro evangelhos do Novo Testamento integraram as histórias que foram inicialmente transmitidas oralmente. Depois foram colocadas por escrito.
 Outros "Evangelhos" (recompilações da mensagem e vida de Jesus de Nazaré) tiveram a mesma evolução. Em 1945, foi descoberto em Nag Hammadi (Egito) uma extensa colecção de antigos manuscritos cristãos, na sua maioria textos gnósticos ("gnose" conhecimento sentido), incluindo os chamados evangelhos apócrifos ("apócrifos", isto é, não reconhecidos pelos canones oficiais).

Nestes textos, rejeitados pelos Padres da Igreja nos primeiros séculos cristãos, por não serem "ortodoxos" (isto é, autênticos, recomendáveis), Maria Madalena é uma figura mais proeminente do que nos Evangelhos sinópticos.

No "Evangelho de Filipe" é referida como "companheira" de Jesus: “Três eram os que continuamente caminhavam com o Senhor: Maria, sua mãe, a irmã desta e Madalena, que era designada como seu companheira.” Noutro fragmento do mesmo Evangelho, lê-se:
 - “E a companheira do Salvador é Maria Madalena. Ele a amava mais do que a qualquer outro dos seus seguidores e a beijava na boca. O resto de seus seguidores viam-no amar Maria. Eles lhe disseram: "Por que a amas mais do que a qualquer um de nós?”

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