Falta-lhe honestidade intelectual |
João César
das Neves
João César das Neves
é um economista, Prof. Catedrático da Universidade Católica Portuguesa e
articulista no Diário de Notícias, o meu jornal e por vezes participa também em
programas de televisão na qualidade de especialista em assuntos económicos.
César das Neves é um
intelectual conservador e profundamente católico, ligado aos valores
tradicionais da sociedade portuguesa dos tempos de Salazar conhecidos pelos 3
efes: Fátima, Futebol e Fado.
Normalmente aborda
nos seus artigos temas relativos às questões económicas que ensina nas suas
aulas sendo um defensor acérrimo da contenção das Despesas Públicas, dos baixos
salários, do equi líbrio das Contas
Orçamentais e da manutenção do país na zona do euro.
Poderia, neste
aspecto, ser mais um dos técnicos que constituem a equi pa
da Troyka que regularmente nos visita e que têm sido muito contestados por
advogarem cortes transversais nas despesas do Estado com funcionários públicos e
pensionistas atingindo uma classe média baixa que perdeu poder de compra e
afundou a economia.
Nestas coisas, o
mal, é haver sempre um pouco de razão que depois explica e justifica todos os
cortes como sendo uma inevitabilidade.
Mas não é para falar
deste tema que hoje vos escrevo.
César das Neves não
resiste e faz também incursões no campo dos comportamentos sociais dentro
daquela sua perspectiva profundamente religiosa e conservadora e, desta vez,
escandalizou Fernanda Câncio, jornalista e também articulista do Diário de Notícias,
nos antípodas do seu pensamento, defendendo a família tradicional que “existia
há séculos e foi revolucionada em poucas décadas” e contra a qual acusa “os
casamentos desfeitos, uniões de facto e ausência de natalidade”.
César das Neves terá
que ser, igualmente, também machista porque as famílias que ele defende
assentavam na autoridade do pai e chefe da família ao qual a esposa e filhos
deviam respeito e muitas vezes medo e este, com a ausência de liberdade que lhe
está associado, era a base das uniões.
Há 150 anos, diz
Fernanda Câncio: - Num país de religião oficial católica, 4 milhões de
habitantes com uma média de idades de 27 anos e 9 meses, 42,5% tinha até 20
anos, entre os maiores de 21, quase 40% eram solteiros com o grosso do
casamento a ocorrer após os 30 anos.
Sendo que as meninas
entre os 11 e os 15 se encontravam 153 casadas e até 8 viúvas (maravilha, a família
tradicional pedófila). A coabitação sem casamento que tanto mortifica
César das Neves na actualidade, era comum. Como era também o adultério, apesar
de crime se cometido por mulheres...
E Fernanda Câncio
continua por aí a baixo a descrever as “maravilhas” da família tradicional de
que César das Neves sente tantas nostalgias chamando às uniões dos dias de hoje
“o altar de deboche” que, afinal, se aplica muito bem às famílias da sua
inclinação.
César das Neves tem
todo o direito de ter aversão ao sexo, à igualdade de género, à liberdade, aos
contraceptivos, à homossexualidade, ao divórcio e ao ateísmo, etc... como eu,
por exemplo, não gosto de pescada cozida.
O que não pode é vir
fundamentar as suas aversões falseando a história por ignorância e ou má-fé. É
como se eu, para justificar o facto de não gostar de pescada cozida viesse
dizer que ela provoca o cancro... contrapõe Fernanda Câncio.
Vou fazer 76 anos de idade e no papel de filho vivi o divórcio litigioso dos meus pais na década de 50 e mais tarde, na década de 80, o meu próprio.
Dois divórcios completamente diferentes que traduziram duas épocas também diferentes, a primeira, a não deixar nenhum tipo de saudades mas que fez as delícias de João César das Neves, a outra que tornou muito menos difícil situações que são sempre dolorosos quando há filhos.
Vou fazer 76 anos de idade e no papel de filho vivi o divórcio litigioso dos meus pais na década de 50 e mais tarde, na década de 80, o meu próprio.
Dois divórcios completamente diferentes que traduziram duas épocas também diferentes, a primeira, a não deixar nenhum tipo de saudades mas que fez as delícias de João César das Neves, a outra que tornou muito menos difícil situações que são sempre dolorosos quando há filhos.
posted by Joaquim Paula de Matos at 2:40 da tarde
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