terça-feira, março 10, 2015

Mujica na sua  chácara.
Ainda Mujica













Afinal, o que é que um homem da craveira moral e ética de Mujica ou de Mandela acrescentam à arte de governar, de encontrar soluções sábias se eles não souberem de economia, de finanças, urbanismo, ambiente... de que servem as qualidades de natureza moral ou ética?

Poder-se-á pensar se ele não tiver a perspicácia e a argúcia de antecipar cenários e adiantar soluções para o país de que servem as qualidades morais e éticas?

Governar um país é a missão mais difícil a que alguém se pode atribuir e com o advento e implantação da democracia, o nascimento dos grandes espaços políticos, a preponderância dos interesses financeiros sobre os económicos e sociais ainda tudo mais se dificultou.

A democratização do ensino equilibrou a sociedade. Todos hoje aprendemos o suficiente nos vários ramos do conhecimento para podermos discutir, apoiar ou discordar as decisões dos governantes.

Mais difícil ainda se nos lembramos que vivemos num mundo materialista em que o importante é o “ter” e não o “ser”. Num mundo em que não regateamos esforços e sacrifícios para termos mais coisas à nossa volta, numa sociedade de consumo descarado, mas descoramos e desprezamos o tempo que é necessário para amar as pessoas que estão à nossa volta já que as outras nem sequer reparamos nelas.

Especialistas em economia, finanças, relações internacionais e por aí fora existem muitos. Todos os dias saem das Universidades carregados de pontuações, admirados e invejados por mestres e colegas, disputados pelas empresas no mercado de trabalho.

O que nos falta, então, verdadeiramente, são Mujicas e Mandelas, que nos façam acreditar de que vale a pena ter esperança no futuro e em nós próprios.

Cada vez mais o que precisamos é de valores e de causas, de faróis, de luzes, de exemplos em seguir e em quem confiar.

Só pessoas como Mujica e Mandela conseguem ter esse poder de sedução que os faz brilhar mais do que os outros e a nós nos permitem, à noite, dormir mais descansados.

Num país da América Latina, tradicionalmente religioso, católico, conservador, Mujica liberalizou a marijuana e legalizou o aborto e o casamento homossexual, rompendo com preconceitos e indo ao encontro do íntimo das pessoas conferindo-lhes a liberdade de decidirem das suas vidas, dos seus corpos, de si próprias, respeitando-se num campo em que elas não eram senhoras de si mesmas.

Só a força de um homem de carácter excepcional com provas dadas em uma vida, desprendido total e comprovadamente das coisas materiais, preocupado apenas com os valores da justiça social, é capaz de tomar estas decisões e ser admirado e respeitado exactamente porque as tomou.

A Mujica nunca lhe passou pela cabeça ser Presidente do Uruguai mas as mudanças sociais que ele seria capaz de operar nessas funções nunca saíram das suas preocupações.

A presidência foi apenas mais um acto de militância social como outros que o levaram à prisão e à tortura.

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