sexta-feira, março 13, 2015

Recordando velhos tempos...
No meu tempo

é que era bom...

















Os meus amigos que visitam o Memórias Futuras e já passaram de uma certa idade que eu não digo qual é porque está longe de ser a mesma para todos, já alguma vez disseram, com uma pontinha de saudosismo, “no meu tempo é que era bom...”

Eu, por exemplo, que me vejo ao espelho todos os dias, independentemente dos meus 75 anos, continuo a pensar lá no fundo do meu íntimo que velhos são os outros, os mesmos que eram velhos nos tempos em que eu era rapaz.

Eles morreram, eu já sou velho mas não passa nada, continua tudo na mesma...

É tal a força desses tempos da juventude que tem perdurado por toda a minha vida e na hora da morte, se eu puder pensar, é dela que me vou recordar.

Eu acho que a natureza preparou os homens e as mulheres para serem jovens, o resto da vida vem por acréscimo, por arrasto.

É o resultado de uma estratégia de sobrevivência da espécie que era indispensável para ajudar a criar a segunda geração, tal como na sociedade dos elefantes em que os velhos são necessários para manter a disciplina e ordem nos mais novos.

Na entrevista de Mujica, a que já me referi, diz-se que embora os índices de pobreza tenham baixado nos últimos dez anos de 39 para 11%, a maior parte da população não se apercebe disso, tendendo a considerar que no passado era melhor.

- Sabe porquê? – Porque quando pensamos assim lembramo-nos da nossa juventude e, naturalmente, não há passado mais lindo do que ela, responde o ex-presidente.

A nossa espécie, para conseguir vingar, teve de superiorizar-se a todas as restantes num extraordinário “golpe de asa” que passou por um cérebro capaz de aprender os ensinamentos dos mais velhos ao longo de muitos anos.

Cada pessoa tem a sua juventude e muitas delas foram vivências duras de recordações difíceis, mas mesmo quando isso aconteceu são quase sempre lembradas como tendo sido melhores que o presente, como refere o ex-presidente Mujica.

A minha infância foi um mar de rosas mas a juventude, por causa do divórcio dos meus pais aos 12 anos de idade, foi um mar de dificuldades onde, apesar de tudo, face às "ginásticas" do meu pai e à casa dos meus avós na aldeia, nunca me faltou nada do essencial e, acima de tudo, aquelas inesquecíveis férias grandes de Verão.

Durante toda essa juventude de dificuldades financeiras, aprendi o valor do dinheiro e a necessidade de que era preciso estudar para preparar o futuro e que o mercado, com as montras tentadoras das suas lojas que não estavam ao meu alcance, eram dispensáveis para se fazer uma vida digna se tivéssemos para o essencial.

Atravessar toda a minha vida nessa disciplina de gastos foi uma lição que retirei das dificuldades financeiras da minha juventude.

Preciosa lição para estes tempos de crise...

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