sábado, abril 25, 2015

"De braço dado, comovidos..."
A Revolução 

dos

Cravos








Sempre, ao longo dos últimos anos, homenageio aqui, no Memórias Futuras, o 25 de Abril de 1974. Está na recordação dos meus concidadãos de duas gerações, alguns que visitam regularmente este Blog e que estão espalhados por esse mundo.
Ninguém passou ao lado do que aconteceu nesse dia e que provocou um trambolhão, maior ou menor, nas vidas de cada um de nós e, principalmente, do nosso país como colectivo.
Décadas de uma situação política de imobilismo, silêncio e temor, primeiro com Salazar e depois com Marcelo Caetano,  acabou na manhã desse dia quando uma empregada de um restaurante na Baixa lisboeta, pegou num ramo de cravos que estava distribuindo pelas jarras das mesas para o almoço, saiu à rua e teve a brilhante ideia de começar a enfiá-los nos canos das espingardas dos soldados.
Estava consumada, com aquele gesto, para o bem e para o mal, a Revolução dos Cravos que passou à história do nosso país.
O regime estava moribundo, a guerra das colónias não atava nem desatava, em Moçambique onde então me encontrava, atava mais do que desatava, os militares do Exército cansados e saturados de tantas comissões e os Movimentos de Libertação para a independência cada vez mais perto dos seus objectivos.
Com a Revolução do 25 de Abril ou sem ela, tudo teria que acabar em breve por ser insustentável. O caminho escolhido por Salazar de contrariar “os ventos da História” tinha sido o caminho errado porque servia interesses que eram apresentados como sendo do país mas que, na realidade, eram de meia dúzia de famílias.
Na manhã desse dia 25 de Abril de 1974 os lisboetas não sabiam o que os esperava mas aqueles que viveram de perto os acontecimentos não puderam esconder, primeiro a surpresa, e depois a alegria que lhes ia na alma porque um povo é assim a modos como uma criança quando lhes dão um brinquedo há muito desejado é como se o céu se abrisse em pétalas de flores.
O 1º de Maio a seguir a esse 25 de Abril, Dia do Trabalhador, fez dos portugueses as pessoas mais felizes do mundo. Desfilando pelas ruas, o brilho no olhar, abraçados e comovidos esqueceram passado e futuro apenas o presente, aquele presente maravilhoso de união e fraternidade, feito de sonhos, de esperança e de ilusões.
Poderia ter tudo acabado ali, de repente, e mesmo assim teria valido a pena.
Gosto de recordar o 25 de Abril como o dia em que os portugueses caíram nos braços uns dos outros e gritaram a palavra que durante uma vida lhes tinha sido calada por medo: Liberdade, Liberdade, Liberdade... porque um homem só é homem se for livre e nesse dia os portugueses foram livres, finalmente.

Depois, logo se veria..

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