Sempre, ao longo dos últimos anos, homenageio a
Ninguém passou ao lado do que aconteceu nesse
dia e que provocou um trambolhão, maior ou menor, nas vidas de cada um de nós
e, principalmente, do nosso país como colectivo.
Décadas de uma situação política de imobilismo,
silêncio e temor, primeiro com Salazar e depois com Marcelo Caetano, acabou na manhã desse dia quando uma empregada
de um restaurante na Baixa lisboeta, pegou num ramo de cravos que estava distribuindo
pelas jarras das mesas para o almoço, saiu à rua e teve a brilhante ideia de
começar a enfiá-los nos canos das espingardas dos soldados.
Estava consumada, com aquele gesto, para o bem e para o mal, a Revolução dos Cravos que passou à história do nosso país.
O regime estava moribundo, a guerra das
colónias não atava nem desatava, em Moçambique onde então me encontrava, atava
mais do que desatava, os militares do Exército cansados e saturados de tantas
comissões e os Movimentos de Libertação para a independência cada vez mais
perto dos seus objectivos.
Com a Revolução do 25 de Abril ou sem ela, tudo
teria que acabar em breve por ser insustentável. O caminho escolhido por
Salazar de contrariar “os ventos da História” tinha sido o caminho errado
porque servia interesses que eram apresentados como sendo do país mas que, na
realidade, eram de meia dúzia de famílias.
Na manhã desse dia 25 de Abril de 1974 os
lisboetas não sabiam o que os esperava mas aqueles que viveram de perto os
acontecimentos não puderam esconder, primeiro a surpresa, e depois a alegria
que lhes ia na alma porque um povo é assim a modos como uma criança quando lhes
dão um brinquedo há muito desejado é como se o céu se abrisse em pétalas de
flores.
O 1º de Maio a seguir a esse 25 de Abril, Dia
do Trabalhador, fez dos portugueses as pessoas mais felizes do mundo. Desfilando
pelas ruas, o brilho no olhar, abraçados e comovidos esqueceram passado e
futuro apenas o presente, aquele presente maravilhoso de união e fraternidade,
feito de sonhos, de esperança e de ilusões.
Poderia ter tudo acabado ali, de repente, e
mesmo assim teria valido a pena.
Gosto de recordar o 25 de Abril como o dia em
que os portugueses caíram nos braços uns dos outros e gritaram a palavra que durante uma vida lhes tinha sido calada por medo: Liberdade, Liberdade,
Liberdade... porque um homem só é homem se for livre e nesse dia os portugueses
foram livres, finalmente.
Depois, logo se veria..
Depois, logo se veria..
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