Jardel: o meu agradecimento pelas alegrias que me deste. |
JARDEL
Jardel presenteou os portugueses ao serviço do Futebol
Clube do Porto e do meu Sporting com golos de toda as maneiras e feitios. Ele
próprio dizia que até metia golos com a “bunda”.
Dentro do campo não fazia muito mais do que “isso” mas
quando se faz “isso” na quantidade em que ele fazia seria injusto pedir mais do
que “isso”...
Os golos deram-lhe a notoriedade devida mas quanto ao
resto, nem no futebol nem na vida.
Durante alguns anos a mulher com quem estava casado
ainda lhe deu apoio e suporte mas também ela desistiu. O jeito que tinha a mais
para marcar golos era o jeito que tinha a menos para a vida que acabou na luta
contra a toxi-dependência.
Jardel regressa agora às notícias pela via da política.
Eleito deputado com 41227 votos pelo Partido Social Democrata (PSD), fundado em
2011, decidiu despedir a quase totalidade dos 21 assessores que o Partido
lhe arranjou e, mais do que isso, desapareceu.
Eu acho que os brasileiros nunca levaram muito a sério
esta coisa da política por causa da corrupção. Ontem, o “mensalão”, que tinha a
ver com os parlamentares do Congresso Nacional e hoje o “petrolão” relacionado com
os desvios de dinheiro da Petrobás no montante de 87 biliões, o maior escândalo
brasileiro, que levou alguma imprensa a considerar que o “Estado brasileiro foi
sequestrado por bandidos”.
É evidente que estes casos fazem muita mossa na crença
democrática dos cidadãos com repercussão, naturalmente, no momento do voto.
A eleição do Jardel só é possível pelo abastardamento
da política e ele próprio, depois de eleito, percebeu que não era ali, sem
relvado nem balizas, o seu terreno mas a seu carácter de homem revelou-se
quando não se dispôs a ser pau mandado de quem lá o colocou.
Despediu os assessores e desapareceu frustrando os
objectivos de quem se preparava para utilizar a sua pessoa. Saiu do campo, não
se prestou ao papel de tantos outros que aceitaram envergonhar a política.
Só foi até ao momento em que tudo aqui lo era brincadeira, “o faz de conta” da vida, do
regresso à infância, aos jogos em que se simula umas vezes ser polícia, outras ladrão,
outras político.
Se Jardel não voltar a aparecer para desempenhar o
lugar que os outros prepararam para ele, pode crer que voltarei a colocá-lo
na minha equi pa e a aplaudi-lo pelo
golo que acaba de marcar.
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