O Mediterrâneo transformou-se no cenário de um drama a que o mundo assiste, principalmente a Europa, sem tomar consciência de que esse drama começou muito antes e os naufrágios e as mortes por afogamento são apenas o epílogo, a parte final, o desfecho esperado de um destino que aquelas pessoas não mereciam.
O Iraque, a Síria, a
Líbia, o Iémen estavam predestinados a um final destes porque a ambição de
certos homens, o desejo do poder, não olha aos meios nem mede as consequências
o que não é novidade. O regime nazi com Hitler e o de Pol Pot no Cambodja ainda
não vão há muitos anos...
Tal como “aves de
rapina” que de cima de um rochedo ou do ramo mais alto de uma árvore espreitam
o horizonte na procura de uma oportunidade para se lançarem sobre as vítimas, certos
homens aguardam pacientemente o momento de um vazio de poder para se atirarem vertiginosamente lá das alturas e caírem de surpresa, abrupt amente, sobre as vítimas indefesas.
Os Estados com as suas
instituições não existem por existir, eles correspondem a uma necessidade das
sociedades que foram desenvolvendo no seu seio relações cada vez mais exigentes
e complexas a apontarem para outras soluções mais sofisticadas do que foram
durante muitos anos os clãs e as tribos.
A solução de problemas
de Justiça, Defesa, Ordem, Economia, etc... levaram à criação de Estados da
mesma forma que agora questões relacionadas com a globalização e a paz levam à união dos Estados entre si.
Muitos destes Estados
foram tomados por ditadores, uns maus, outros detestáveis: Sadam Hussein,
Kadafi, Bashar al Assad, que impunham com mão de ferro o seu poder mas
asseguravam a paz social e o funcionamento das instituições do Estado até ao
momento em que foram expulsos, perseguidos e mortos como aconteceu com os dois
primeiros dos quais, Sadam Hussim, na sequência de uma guerra desencadeado pelo
exército americano cuja vitória foi um mero passeio à procura de umas bombas
que eram uma ameaça para o mundo e que afinal não existiam.
Pelo meio, ficou o Movimento denominado de Primaveras Árabes que se
tratou de uma onda de protestos e revoluções ocorridas no Médio Oriente e Norte
do continente africano em que a população foi às ruas para derrubar ditadores
ou reivindicar melhores condições sociais de vida.
Perseguidos e mortos os ditadores o que ficou atrás deles foi o
caos e o vazio político depressa aproveitados pelas “aves de rapina” que
esperavam essa ocasião e não a desaproveitaram.
Lançaram-se sobre as suas vítimas agora indefesas e são estas, neste momento, que para salvarem as vidas fogem desesperadas para morrerem afogadas no "Mare Nostrum".
Do outro lado ficaram os responsáveis, candidatos a governarem o
mundo através de um Califado com base num deus e num livro que mais não são que
pretextos para o exercício de um poder que reconduziria a humanidade a um ponto
zero, de tal forma zero que é preferível morrer afogado no Mediterrâneo.
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