Ressuscitado pelas mulheres que o amaram. |
A Propósito da Páscoa
A Igreja é uma estrutura hierar
A morte de Jesus da Nazaré, messias e profeta na
sua terra, estaria destinada ao esquecimento, como outras antes dele, senão
fosse a sua anunciada ressuscitação a que chamaram de ressurreição, três dias
depois de ter sido morto e enterrado, tendo então voltado à fala com alguns dos
seus apóstolos.
Não era inédito nesse tempo de
desesperança, homens dotados de grande poder de persuasão apresentarem-se
perante os outros como guias e, acima de tudo, como elementos de esperança no
futuro e numa vida melhor.
Como era difícil acreditar que essa
melhoria de vida resultasse na realidade pela força da palavra dado o poder invencível das tropas do exército romano que esmagava os povos -principalmente com os seus impostos - as promessas tinham que atirar para um
outro mundo no qual, finalmente, as pessoas poderiam ser felizes se seguissem
as palavras orientadoras dos guias e profetas.
Jesus ressuscitou, melhor dizendo, foi
ressuscitado pelas mulheres que o amavam e não aceitaram a sua morte o que, de
resto, não era inédito naquela sociedade, dois mil anos atrás.
As mães recusavam-se a aceitar a morte
dos seus filhos, jovens, na força da vida, que morriam lutando por causas
nobres como a liberdade e a dignidade do seu povo submetido às injustiças dos
invasores.
A mãe de Jesus não terá sido a primeira
a ressuscitar o seu filho como forma de retemperar a dor e a injustiça que a
sua morte representava para ela e para quantos o amavam.
“Ele está vivo, continua aqui , ao nosso lado, o nosso amor e a nossa dor
gritam por ele. Ele ouviu-nos, não quer que soframos. Por isso regressou
para nos dizer que devemos ter força e não chorar mais”.
- Não fossem pensamentos destes como
teria sido possível lutar contra a dor provocada pela morte de um jovem, heróico
e sedutor e resistir sem soçobrar quando a injustiça continuava presente nas
pessoas dos soldados romanos invasores?
- Que alternativa havia, então, dois mil
anos atrás, que não fosse acreditar que Jesus tinha ressuscitado?
- Como seria possível, de outra maneira,
travar dentro daqueles corações a força do desejo que não fosse transformando-o em
realidade?
Este comportamento humano perante a
morte, sofrida, pungente, feita de sentimentos comuns a todas as mães, parentes
e amigos, não só compreendo como acredito.
Há quem veja nele, obcecado pele ideia
de Deus e da religião, a história de perdedores, humilhados, ofendidos,
colonizados, das mulheres...
Quando se pretende criar um movimento
religioso, alimentar uma religião, dar força a uma igreja, animar uma fé, então,
muita coisa se pode ver na dor e no sofrimento de uma mãe que retira o corpo do
seu filho morto numa cruz.
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