sexta-feira, maio 01, 2015

A Nação caiu e a literatura chorou...
D. SEBASTIÃO

 E 

SUA CRUZADA

 A

ALCÁCER -  

KIBIR









Numa tradução livre do espanhol da época escrito por Fernando de Góis Loureiro, abade e seu antigo criado da câmara, que assistiu à batalha:


 - “Acossado el-Rey saíu do local da batalha quando tudo já estava concluído e tomou o caminho do Rio Mahacer, para um local onde havia menos gente que poderia acudir e antes de lá chegar, a uma légua da batalha, saíram-lhe uns setenta Alarabes a cavalo que o prenderam sem resistência (quando o que o Rey queria era morrer lutando mas os seus não lho consentiram).

 Uma rixa e controvérsia se deu entre os cavaleiros Alarabes e os Turcos da Guarda do rei Maluco que entretanto chegaram para disputar quem levaria a presa que acabou por ser morta, miseravelmente, pelas mãos dos cavaleiros Alarabes, na idade de vinte e quatro anos, seis meses e catorze dias.

 Depois, o corpo foi encontrado no dia seguinte por Bastion de Resende seu moço de câmara, no mesmo lugar, e reconhecido por todos os seus e eu, como testemunha de vista, também o reconheci ser ele o desditado Rey.

E porque o Rei morreu a uma légua da batalha de onde muitos o viram sair vivo e a cavalo, logo alguns disseram que não era ele o morto e outros, querendo fazer-se sabedores, disseram que ele morreu a batalhar como o afirmou Jerónimo Franchi na sua história de Portugal.”

(Aquilino Ribeiro – Reis de Portugal – Suas Misérias e Grandezas)


Este desfecho era inevitável e previsível. D. Sebastião, como escreveu Filipe II de Espanha, “era um príncipe frio, impotente, destituído de inclinações amorosas e incapaz de amar” e por isso nunca lhe cederia a sua filha para casar embora se tenha desculpado que a mais velha já estava prometida e a segunda só tinha dez anos de idade.

Tomou as rédeas do governo aos catorze anos - devia ter sido aos vinte -  portanto, contra as cláusulas do testamento do avô.

 «Menino rebelde, impulsivo, desaparafusado, louco dez vezes, herdeiro de uma terrível paranóia congénita» na opinião do seu aio D. Aleixo de Menezes.

Começou a reinar a 20 de Janeiro de 1568, dia de S. Sebastião e o seu ódio aos infiéis era uma obsessão tão grande que o obrigava, ainda de menor idade, a assistir aos Autos de Fé do Santo Oficio. 

Os poucos anos da sua juventude viveu-os de forma doentia para acabar exactamente como acabou: morto sem honra nem glória a cinco léguas do campo da batalha, depois desta, muito rapidamente, ter terminado e às mãos de soldados árabes que o disputavam como presa a um grupo de soldados turcos.

Um jovem louco que arrastou na sua loucura um exército e um reino. 

Muitos anos mais tarde, outros, nem jovens nem loucos, fizeram a mesma coisa...
  

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